O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, respondeu - e em pessoa, sem recurso a gabinetes ou secretários, o que muito me lisonjeia - ao mail que enviei em relação à posição comunista face à violência no Tibete:
"Caro António Rufino
Com todo o respeito pelas opiniões expressas sobre a posição do PCP em relação ao voto sobre os acontecimentos no Tibete, não posso estar de acordo com elas.
Penso mesmo que são injustas em relação ao que realmente é a posição do PCP. Envio por isso a intervenção proferida por ocasião desse debate.
Desde logo em relação à questão dos Direitos Humanos nela se afirma clara e inequivocamente: “Não está em causa a manifestação de pesar do PCP em relação às vítimas, o seu desejo de que os conflitos tenham uma resolução rápida e pacífica, bem como os seus princípios de defesa da democracia e dos direitos humanos.”.
Mas independentemente disso é impossível, ou pelo menos de uma grande ingenuidade, não compreender todo o alcance do que se está a passar.
Dizer que há deturpação de informações, como no caso das imagens sistematicamente difundidas como sendo no Tibete, de cargas policiais que afinal eram no Nepal, ou no constante esquecimento de que os protestos na origem dos acontecimentos também foram violentos, não significa negar que existem situações para as quais entendemos dever haver uma solução pacífica, como afirma a nossa intervenção.
E não pode significar qualquer dúvida de que o PCP não abdica dos seus princípios de defesa da democracia e liberdade, de que são testemunhos eloquentes a nossa história, o nosso programa e a nossa actividade política diária. São esses que nos responsabilizam. É por esses que respondemos e não por quaisquer outros.
Chamo também a atenção para as deturpações históricas sistematicamente feitas sobre a história do Tibete, pense-se o que se pense sobre a sua situação actual ou sobre a China. É o caso das referências à “ocupação chinesa de há mais de 50 anos”, tese sistematicamente repetida e que não tem adesão à realidade. Para além de não se conhecerem quaisquer questionamentos formais à integração da região do Tibete na China, nem sequer das potências que visivelmente ao longo dos anos têm apoiado e até armado movimentos separatistas, a verdade é que o Tibete é uma das regiões da China, com maior ou menor autonomia, desde há 700 anos. O próprio Dalai-Lama não defende a independência do Tibete. Mesmo no período após a revolução popular chinesa essa integração não foi questionada, até pelo próprio Dalai-Lama, que aliás integrou a primeira Assembleia Nacional Popular da China e teve funções de governação no Tibete nesse período.
Seria interessante aliás analisar as razões para a divisão que entretanto aconteceu por parte da nobreza e de dirigentes religiosos tibetanos, e a sua ligação com as iniciativas de abolição da servidão e da escravatura vigentes até a essa data naquela região, bem como de um acesso mais justo à terra e aos meios de subsistência.
Uma nota final para a questão do respeito pela soberania dos países e dos povos e pelo direito internacional. É que esse princípio está crescentemente ameaçado nos tempos que correm, como bem se verifica na questão do Kosovo (em que verifico que assume no seu blogue como natural o reconhecimento por Portugal da independência deste território), e do Iraque, entre outras. No caso concreto essa é também uma realidade relevante, porque é evidente que o apoio a movimentos separatistas por parte de potências ocidentais, é um reflexo do avanço de pretensões de ingerência directa e indirecta no território da China.
Espero com isto ter contribuído para uma melhor compreensão da nossa posição em relação ao voto apresentado.
Cumprimentos,
Bernardino Soares"
O chefe viu:
"Nightwatchers", Peter Greenaway
"The Happening", M. Night Shyamalan
"Blade Runner" (final cut), Ridley Scott
O chefe está a ler:
"Entre os Dois Palácios", Naguib Mahfouz
O chefe tem ouvido:
Clap Your Hands Say Yeah, Some Loud Thunder
Radiohead, In Rainbows
o tempo'a o mo'es
Sondagens presidenciais americanas
Comércio Justo (Cores do Globo)
irredutíveis gauleses
fervida água
...com um farrapo de leite
a mágica poção
11 de setembro(18)
aborto(28)
aeroporto(3)
afeganistão(1)
alemanha(1)
altermundo(9)
ambiente(14)
amnistia(1)
austrália(1)
birmânia(1)
brasil(1)
camarate(1)
cambodja(1)
cartoons(31)
chile(4)
china(4)
cinema(15)
cuba(1)
cultura(29)
dakar(1)
democracia(10)
desporto(29)
economia(13)
educação(2)
egipto(1)
espanha(3)
frança(8)
futebol(4)
gaulesa aldeia(20)
h2homo(7)
holanda(4)
hungria(1)
igreja(6)
imigração(3)
incêndios(2)
índia(1)
indonésia(1)
internacional(151)
irão(7)
iraque(18)
japão(1)
kosovo(1)
laos(1)
líbano(16)
lisboa(1)
literatura(3)
madeira(2)
mauritânia(1)
media(8)
méxico(1)
música(7)
nacional(102)
nuclear(7)
odisseias(4)
palestina(4)
paquistão(1)
peru(3)
política(13)
polónia(2)
porto(1)
prémios(13)
reino unido(1)
religião(7)
rússia(6)
saúde(13)
síria(1)
sociedade(37)
sócrates(4)
somália(5)
srebrenica(5)
sudão(1)
tailândia(2)
tchetchénia(2)
tibete(5)
timor(2)
turquia(4)
ue(10)
uk(6)
ulster(2)
usa(21)
videos(6)
vietname(1)
zimbabwe(2)