Sexta-feira, 30 de Março de 2007

A semana em cartoons: Europa quo vadis, paz à la Irlanda do Norte, arca de Noé do aquecimento global

Este é absolutamente certeiro em relação à crise de valores europeia:

Patrick Chappatte, Le Temps (Suiça)



E este em relação à paz desconfiada entre protestantes e católicos no Ulster:



Rainer Hachfeld, Neues Deutschland (Alemanha)



E mais este, um exercício de imaginação da nova arca de Noé, na era do aquecimento global:


Michael Kountouris (Grécia)
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Quarta-feira, 28 de Março de 2007

A louca deriva da Polónia

Escrevo este post para, em primeiro lugar, apoiar o protesto do Devaneios Desintéricos para, face à lustração polaca. Julgo que o termo "lustração" se refere à "limpeza moral" da Polónia de tudo o que cheire ao antigo regime comunista, seja com a recente suspensão de pensões a antigos combatentes das Brigadas Internacionais na Guerra Civil de Espanha, seja com a obrigatoriedade de funcionários públicos, advogados, jornalistas procederam a um "registo de interesses" em como nunca colaboraram com o regime comunista - e não, semelhanças desta lei com algumas outras que vos soem familiares de outros países, noutros tempos, não é mera coincidência...
Em segundo lugar, este post serve para expiar as minhas culpas por, apesar de também eu prestar alarmada atenção ao que se passa na Polónia (mérito, entre outros, também do Max), nunca aqui nada ter escrito sobre isso. É cada vez mais perceptível a senda polaca rumo à mais insana intolerância - ou mesmo irrealismo totalitário. É cada vez mais incompreensível como tal é possível no seio da União Europeia - quase tão difícil de compreender como o plúmbeo silêncio de Bruxelas e de todos os 26 parceiros europeus.
Para que se compreenda que o que está em questão não é apenas uma lei anti-comunista, mas antes parte integrante de um bem articulado projecto de "refundação moral" (leia-se projecto totalitário) da Polónia, eis uma relação das medidas tomadas pelos gémeos Kaczynski, primeiro-minstro e presidente da Polónia, ambos do partido PiS (direita ultra-católica), desde que desembarcaram nos corredores do poder polaco e deram livre aso ao seu projecto de uma Polónia surreal mas demasiado real:
  • homofobia declarada (apesar dos rumores de o próprio primeiro-ministro ser homossexual... ), com a proclamação da homossexualidade como "contra-natura", o corte de apoios a associações de apoio aos direitos gay e a recente invasão de algumas delas por supostas ligações com pedofilia e pornografia infantil (que rapidamente se verificou serem totalmente falsas)
  • limitação de direitos sociais das mulheres, com corte de apoios a associações de apoio a divorciadas (divorciados também, que o divórcio não é catolicamente correcto) e mães solteiras
  • proposta de reintrodução da pena de morte para crimes ditos "imorais" - homicídios, violação de crianças, etc. - não só na Polónia como na Europa
  • proposta de criminalização do aborto mesmo em casos de violação ou de perigo para a vida ou saúde da mãe (assistimos a um caso destes recentemente)
  • perseguição judicial de jornalistas por "ofensas anti-católicas"
  • proposta de consagração de Jesus Cristo como rei eterno da Polónia
  • declarações descaradamente anti-semitas de Maciej Giertych, euro-deputado, pai do ministro da Educação polaco, também ele membro do PiS (os judeus gostam de viver em ghettos, "Hitler apenas os forçou"; "embora não sendo uma raça diferente, o desejo de viverem separados nas suas próprias comunidades tornou-os [os judeus] biologicamente diferentes"
  • proibição total da pornografia (quem for apanhado com material pornográfico pode ser condenado a 1 ano de prisão) e restrições à prostituição
  • lei promulgada pelo dito ministro da Educação, proibindo os professores de sequer referir a homossexualidade nas aulas e penalizar com despedimento (e até prisão) os professores que admitam ser homossexuais
  • last but not the least, a tal lei da lustração, que obriga todos os titulares de cargos públicos, professores, juízes, advogados e jornalistas a declararem se alguma vez colaboraram com o anterior regime comunista, sob pena, caso não cumpram este "registo de interesses", de serem impedidos de exercer a sua profissão
  • já me esquecia da suspensão das pensões aos polacos que combateram na Guerra Civil Espanhola sob a égide das Brigadas Internacionais (felizmente parece que os afectados podem pedir a nacionalidade espanhola, segundo uma lei de 1996 de nuestros hermanos)
Espero que isto chegue para nos fazer a todos mexer e, no mínimo, aderir à campanha proposta pelo Max de flooding do e-mail do embaixador polaco com mails de protesto. Escrevam pois a manifestar o vosso repúdio por tudo isto para: politica.embpol@mail.telepac.pt
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Terça-feira, 27 de Março de 2007

O verdadeiro Melhor Português de Sempre

Fiel ao espírito alter- que é o meu e o deste blog, a partir de hoje e por período a definir está aberta a votação para o Melhor Gaulês (quer dizer, Português) de Sempre.
Para começar, existe uma votação para o Melhor Gaulês nas áreas de Política (governantes ou líderes políticos), Sociedade (outras personalidades que não se enquadrem numa perspectiva política), Ciências, Cultura e Desporto. Depois, os quatro nomeados de cada uma destas categorias está, por inerência, nomeado para a escolha de Melhor Gaulês de Sempre.
Para ajudar à escolha, aqui ficam os links wikipédicos (em português ou em inglês, sempre que este último artigo for mais desenvolvido, o que é algo vergonhoso mas acontece com alguma frequência) para saberem mais sobre cada um destes ilustres e irredutíveis gauleses. O resto é com vocês, leitores!...
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O Portugal de Salazar

Como já de alguma forma se antecipava há algum tempo, Salazar venceu a votação do Maior Português de Sempre, gongoricamente promovida pela RTP desde há largos meses.
Conheço quem tenha entrado em choque com o resultado. Conheço quem se recuse a acreditar que 82.000 portugueses (41% dos 200.000 que foi dito terem votado) genuinamente pensem que Salazar é o maior português da nossa História de quase 900 anos. Conheço quem faça planos de emigrar para Espanha, ou para outro qualquer sítio onde um ditadorzeco não seja o maior do sítio.
Como conheço quem, não concordando, aplauda a escolha, por ser a manifestação de um descontentamento, um mal-estar, uma malaise indefinida - um spleen, à maneira dos absínticos escritores do séc. XIX -  que perpassa e afecta o mais profundo da sociedade portuguesa.
Aplausos espúrios, penso eu. Se por um lado gosto do facto de a escolha permitir abrir o armário dos esqueletos onde durante tempo se escondeu, como tabu, tudo o que se referia ao Estado Novo, à ditadura, a Salazar (ainda hoje é difícil pronunciar este nome sem tremer, qual Voldemort português, "aquele cujo nome não se pode pronunciar"), e reconheça que se trata, apenas e só, de um programa de entretenimento que teve muitos defeitos mas a virtude de fazer com que se fale do que não é normalmente falado, por outro há algo que brota do mais profundo de mim, do lugar mais recôndito da minha consciência, lá onde se aloja tudo o que faz de mim aquilo que sou, algo que recusa, que não pode aceitar uma escolha destas.
Mesmo admitindo - e até certo ponto concordando - uma necessidade de protesto pelo estado a que isto chegou (o recurso a uma certa citação de há 33 anos é propositado), mesmo partilhando do tal mal-estar geral, mesmo sentindo também eu, e muito, o tal spleen, não posso aceitar que essa necessidade de protesto gere um voto maciço num ditador que representa tanto daquilo que não se quer. É dizer que estamos mal, e que queremos mudar, mas em vez de ansiarmos por algo melhor, ansiarmos a voltar ao estado anterior, que nos esquecemos, ou queremos esquecer, que era pior.
Sim, estamos mal. Sim, é preciso mudar o estado a que isto chegou. Mas antes estávamos pior, e acho fantástica a dimensão do aspecto selectivo da memória. A memória colectiva é curta, sem dúvida, e muito, demasiado selectiva.
Para além disto, há o aspecto, também focado por alguns dos comentadores e defensores das personagens do top 10 abordadas no derradeiro programa, da falta de cultura da população portuguesa, da falta de qualidade do ensino em Portugal. Eu, que me considero bastante mais culto que a média, nunca falei de Salazar, do Estado Novo, do 25 de Abril na escola. Tudo o que sei devo-o aos meus pais e ao meu voraz  apetite por aprender. Ora a maior parte dos portugueses que nasceram depois de 1974, e sobretudo a esmagadora maioria dos que participam em votações como a dos Maiores Portugueses, não beneficia destes aspectos.
Para estes, Salazar é um personagem como outro qualquer, sem nenhum carácter particularmente malévolo ou indesejável. Se lhes dizem que havia alguém que "punha ordem na barraca", olhando para o actual estado das coisas e da nossa democracia essas pessoas sentem-se atraídas por esse personagem e votam nele.
Ao mesmo tempo, também se tornam mais permeáveis à manipulação e à persuasão daqueles que genuinamente acreditam e promovem Salazar, o Estado Novo, o "nacionalismo", e de caminho (esta é a parte que ocultam, ou tentam ocultar, para assim melhor convencer) a xenofobia, a intolerância, o repúdio pelos valores democráticos. São esses, os PNR, FN e afins que promoveram o voto em Salazar, e com estes argumentos o conseguiram alcandorar a "Maior Português de Sempre" - com aspas, muitas aspas...
(prefiro destacar que, facto referido ao de leve no programa, uma sondagem "verdadeira" - isto é, cientificamente preparada - resultou na escolha de D. Afonso Henriques como favorito dos portugueses, uma escolha bem mais consensual, como seria D. João II, ou o Infante D. Henrique, ou Camões).
O que é particularmente grave, em relação a esta promoção do voto em Salazar, é verificarmos que idêntica promoção por parte de um grupo legalmente organizado e com muitos milhares de simpatizantes - o PCP - só resultou em 19% de votos para Cunhal... Ou seja, e sendo a capacidade de organização dos "salazarentos", adjectivemo-los assim para conveniência, bem menor que a do PCP, ou a sua capacidade de persuasão é extraordinarimente boa, ou há muita gente por aí pronta a ser persuadida... Nesta perspectiva o sucesso na escolha de Salazar é o sinal mais alarmante até agora do rumo que as coisas estão a tomar, e do que não está a ser feito, por incapacidade ou, pior, por falta de vontade, para contrariar esse rumo.
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Sexta-feira, 23 de Março de 2007

Muhammad Yunus, o paladino dos pobres

Muhammad Yunus, fundador do Grameen Bank, inventor do microcrédito, paladino dos pobres e da luta contra a pobreza, está em Portugal para uma conferência - que pena não morar em Lisboa...
Yunus, sobre quem já aqui escrevi e deixei o admirável discurso de aceitação do Prémio Nobel da Paz, em Dezembro passado, deu uma entrevista ao Público, que eu desconstrutivamente decidi divulgar aqui (destaques meus):

"Muhammad Yunus não responde a perguntas sobre o seu actual projecto de entrar na política. Receia que as subtilezas da língua nas respostas em inglês sejam mal interpretadas na turbulência em que vive o seu país - o Bangladesh. Mas isso não significa que esteja a reconsiderar a decisão tomada há poucos meses. O inventor do microcrédito e Prémio Nobel da Paz de 2006 está apostado em transpor o sonho de pôr fim à pobreza no mundo - que motivou a criação do seu Grameen Bank - para o centro das decisões políticas a partir de onde se pode, lentamente, mudar e melhorar o mundo.
Para já, comprometeu-se a tirar da pobreza, até 2015, 35 milhões de pessoas - o número dos clientes e accionistas do "Banco dos Pobres" - contribuindo para os Objectivos para o Desenvolvimento do Milénio fixados para esse ano e definidos em 2000 pela ONU. "Enquanto cidadãos, todos somos responsáveis pela realização desses objectivos. Não só os governos", disse nesta entrevista, ontem, em Lisboa. Essa é a sua primeira contribuição.
A outra é acreditar que é possível colocar o lucro das empresas ao serviço das pessoas e revolucionar a ideia, ainda muito presente, de que apenas o dinheiro deve motivar os empresários. Para ele, é possível introduzir nas empresas a ideia de "levar o bem" ao maior número possível de pessoas - que define o conceito de social business para o qual Yunus se virou depois de mais de 30 anos dedicados ao microcrédito.

PÚBLICO - Criou um partido político, ao mesmo tempo que critica o sistema. É possível entrar na política sem entrar no sistema?
Muhammad Yunus - A política é o processo da mudança. É onde as mudanças ocorrem. É onde se organizam as pessoas e, de certo modo, se tenta mudar alguma coisa. É a via através da qual se podem introduzir as mudanças.

A mudança não pode surgir apenas pela via dos negócios?
Também é possível mas é um processo lento. A política é o topo do processo de tomada de decisão e é representativa de todas as pessoas. Se se conseguir chegar lá, tudo se torna mais fácil. Mudam-se leis, criam-se outras, para apoiar o tipo de actividade que queremos apoiar. E se um país conseguir mudar alguma coisa, influenciará sempre outros países.

No futuro, como gostaria de ser lembrado: como Nobel da Paz, inventor do microcrédito ou político?
Ficarei feliz se o meu legado, e todo o trabalho que estou a fazer, conseguir convencer as pessoas de que é possível criar um mundo sem pobreza, apenas imaginar que podemos fazer isso, que é possível um mundo em que nenhuma pessoa seja pobre. E acreditar nisso. Porque acreditar é percorrer metade do caminho. Quando acreditamos, fazemos.
Hoje, pelo contrário, a maioria das pessoas acredita que a pobreza é parte da vida. A partir do momento em que se aceita isso nunca se pensa em eliminá-la. Eu coloco a questão de outra forma: a pobreza não é parte da vida, não pertence à humanidade, é-lhe imposta de forma artificial pelo sistema. Sendo assim podemos eliminá-la e libertar as pessoas dela. Se pudermos todos globalmente acreditar nisso, então é possível mudar isso e, globalmente, um dia eliminar a pobreza.

Acredita então, como uma vez disse, que a pobreza só terá lugar no museu?
Acredito nos objectivos do milénio para o desenvolvimento, adoptados por todas as nações juntas, nas Nações Unidas em Nova Iorque, como promessa de reduzir para metade o número de pobres no mundo até 2015. Não queriam com isso enganar-nos, espero. Acreditámos nisso, por isso tomámos a decisão. Se alguns países não conseguirem atingir esse objectivo até 2015, consegui-lo-ão em 2016. Quando vemos que um país conseguiu, ficamos mais entusiasmados, acreditamos. E se um país conseguir reduzir a pobreza para metade até 2015, levará outros 15 anos, ou menos, a eliminar a outra metade.

Nalgumas zonas do planeta ainda se está muito longe disso.
Não estamos longe. não no meu país. No Bangladesh estamos na via certa para reduzir para metade os pobres até 2015. Em média, todos os anos reduzimos em dois por cento a pobreza. Começámos em 2000. Em 2005, já tínhamos reduzido 10 por cento. Se continuarmos por esta via, em 2015 teremos reduzido 30 por cento em 15 anos. O Bangladesh é um dos países que alcançará os objectivos.

Mas não tem estado de acordo com as políticas de desenvolvimento do Banco Mundial e FMI...
Tenho questionado o facto de o Banco Mundial não dar atenção suficiente ao microcrédito nos seus programas. Não chega a um por cento do seu financiamento internacional aquilo que vai para o microcrédito. Estão a fazer do microcrédito uma nota de rodapé, quando a nossa ideia é que o microcrédito deve ser uma das políticas principais para permitir às pessoas pobres mudar as suas vidas.

Os programas do FMI e Banco Mundial falharam?
Não diria que falharam. Diria que, de forma geral, podiam ter sido muito melhores. Falhar é uma palavra muito forte. Fizeram-se muitas coisas. Mas com o dinheiro aplicado podia ter-se alcançado muito mais do que aquilo que se alcançou na área da luta contra a pobreza.

Depois do microcrédito, a sua convicção é que o futuro da luta contra a pobreza passa pelo conceito de social business [negócios sociais]. Em que é que consiste?
É um negócio que contribui para trazer o bem às pessoas, sem a intenção de ter ganhos pessoais, de fazer dinheiro a título individual. Quando coloco um milhão de euros neste negócio, não espero ter um retorno extra de um milhão de euros. Não preciso disso. Tudo o que quero é recuperar o milhão de euros que investi, ao mesmo tempo que criei uma empresa que resolve um problema social definido, que pode ser, por exemplo, a saúde, através de uma empresa farmacêutica. Produzem-se os medicamentos que são usados pelas pessoas pobres para as suas doenças. Hoje são tão caros que ninguém consegue comprar. A ideia é fazê-los baratos para que os comprem. Como não têm qualquer intenção de fazer lucro, podem baixar os preços.
Além disso, é possível baixar os custos na comercialização porque, quando se está à procura do lucro, investe-se muito nas embalagens, na publicitação. Neste caso, podemos dispensar isso - as pessoas não são curadas pela embalagem. O social business consiste numa empresa sem dividendos, mas sem prejuízos.

Não é difícil convencer as empresas a incorporar esse tipo de preocupação que está subjacente ao conceito de social business?
O problema não está nas empresas. As empresas são meras executoras. O problema é ao nível intelectual, da teoria. Se, amanhã, incluirmos o conceito de social business nos livros, no dia seguinte muitas coisas começarão a acontecer.
Porque vamos tomar consciência de que somos capazes de o fazer. Neste momento, apenas estamos a ver o que diz a teoria e a adaptarmo-nos a ela. E a teoria diz que negócio significa, não só que temos que fazer dinheiro, como também que temos de maximizar o dinheiro. É essa mentalidade que temos estado a construir nas salas de aula. E quando as pessoas saem da escola é isso que fazem. Não tem que ser assim.
Há um outro tipo de abordagem, que em vez de olhar para o lucro, olha para quantas pessoas é que se pode influenciar e que benefícios lhes podemos trazer, como saúde, alimentação, ou qualquer outra coisa que se possa fazer e não está a ser feito. É possível concretizar isso num formato empresarial. Se conseguirmos incorporar este pensamento e se as nossas crianças forem treinadas a pensar assim, então as coisas vão acontecer muito depressa.

Desde o início da ideia do microcrédito que é muito crítico em relação ao papel desempenhado pelos bancos convencionais. O que é que não gosta neles?
Nunca disse que não gostava. Apenas acho que não estão a fazer o trabalho que é suposto fazerem: fornecer serviços financeiros às pessoas, a todo o tipo de pessoas. Os bancos param lá em cima e não chegam cá abaixo. Dois terços da população mundial não têm acesso aos seus serviços. É uma falha muito grande, um grande vazio para completar.
Se o método utilizado pelos bancos não funciona, então temos de encontrar outro método. O Banco Grameen demonstrou que isso é possível. Se damos acesso ao crédito aos pedintes, é porque outra forma de fazer as coisas é possível.

E, mesmo assim, como é que conseguem que tantas pessoas paguem os seus empréstimos? Seleccionam os vossos clientes?
Não escolhemos ninguém. Nós queremos chegar a 100 por cento das pessoas pobres do Bangladesh. Queremos chegar a toda a gente. Não andamos a escolher os melhores e deixar de lado os piores. Todos são bons. Temos, por exemplo, um projecto com os pedintes e toda a gente dizia que isso seria impossível. Estamos a verificar que não é.
Neste momento já atingimos 80 por cento dos pobres do Bangladesh, que representam metade dos 145 milhões de habitantes do país. O nosso objectivo é chegar a todos. Para que ninguém seja esquecido.

É isto que os distingue da banca tradicional?
Os bancos convencionais olham para o passado das pessoas, para o seu rating, para os empréstimos que já pediram. No nosso sistema não olhamos para o passado, estamos apenas interessados no futuro, no potencial da pessoa, não no que fez no passado. Pode ter enganado muita gente, mas não é isso que nos vai impedir de negociar com essa pessoa. Este é o nosso ponto de partida.

Para que as pessoas devolvam os empréstimos também é preciso que todas sejam capazes de iniciar algum negócio e terem sucesso...
Mas eu acredito nisso. Todas as pessoas são empreendedoras. Faz parte do ser humano. Se começarmos a pensar que só algumas são, então não estamos na via certa.

Mas prefere escolher dar os empréstimos às mulheres...
Sim, é verdade. Nos anos 70, quando eu criticava o sistema, dizia que os bancos estavam errados por rejeitarem os mais pobres. E dizia que estavam errados porque rejeitavam as mulheres, fossem elas ricas ou pobres.
Claro que os bancos negavam, mas os números mostravam que o peso das mulheres no total das pessoas a quem eram concedidos empréstimos não chegava sequer a um por cento em nenhum dos bancos do Bangladesh.
Por isso, quando comecei fiz questão de garantir que metade dos empréstimos fosse dado a mulheres. Foi apenas como reacção à situação. Eu não tinha qualquer ideia se as mulheres eram ou não cumpridoras. Quando chegámos junto das mulheres não foi fácil. Elas diziam-nos para não lhes darmos o dinheiro, para darmos antes ao marido porque nunca tinham tido dinheiro na vida.
Foram precisos seis anos a tentar convencê-las, a criar coragem, até que conseguíssemos que elas recebessem o dinheiro. E só aí começámos a notar que o dinheiro que ia para as famílias através da mulher gerava muito mais benefícios do que o dinheiro que ia para as famílias através dos homens. E achámos melhor focarmo-nos nas mulheres.

Encontraram muitas resistências a essa política num país muçulmano como o Bangladesh?
Muitas resistências. O primeiro grande ataque que nos fizeram foi exactamente por emprestarmos dinheiro às mulheres. Eles acreditavam que, fazendo isso, se destruiria a nossa religião.

Conseguiram de certa forma mudar isso?
Fomos em frente. Sabíamos que iam perceber o seu erro. E perceberam.

Ao atribuir-lhe o prémio Nobel da Paz, a Academia de Oslo disse que o fazia porque promover a paz não era apenas resolver conflitos mas prevenir as causas da guerra.
Acredita que sem pobreza deixará de haver guerras?
A pobreza é uma ameaça à guerra, porque muito facilmente se pode transformar na semente do descontentamento, da violência e do terrorismo.
Se temos fome e não temos nada, e alguém nos dá comida e armas, combatemos qualquer guerra que quiserem. Podemos facilmente ser transformados em todo o tipo de fanático. Mas isso não acontece se estivermos bem alimentados. Nesse caso, se nos derem uma arma, colocamos uma série de coisas em questão."
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Terça-feira, 20 de Março de 2007

Quatro anos de Iraque, quatro anos de bárbara e selvática deriva rumo ao abismo

Passam hoje quatro anos exactos sobre o início da guerra do Iraque, como não deixou de ser um pouco por todo o lado notado.
Quatro anos depois do início de um conflito que todos menos os Americanos - que começam agora a percebê-lo - sabiam não poder ser ganho, o balanço é quase desnecessário, tão gritantes são os factos e as notícias sobre a diária selvajaria.
Quatro anos depois, o Iraque é um lugar mais inseguro e bastante mais bárbaro. Os Estados Unidos são um lugar mais inseguro.
E Madrid, Londres, Casablanca, Bali, Istambul... a sucessão de atentados, exacerbada pelo espírito quixotesco de Bush, faz do mundo também um lugar muito mais inseguro.
Nada nunca foi tão incerto como hoje.
Para quê?


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Segunda-feira, 19 de Março de 2007

Momento verde - vivó Sporting!

Ainda a saborear o vitorioso sábado, aqui fica o golo de Tello, para que outros sportinguistas que por aqui passem possam deleitar-se uma vez mais (ou duas ou três...)

 

 

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um discurso de Abraracourcix às 11:32
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E os Javalis de Ouro vão para...

É altura de anunciar os vencedores dos mui prestigiantes galardões do Altermundo. Devo frisar que decidi ser inteiramente democrático e nomear vencedores os mais votados na sondagem que vai estar até ao final do ddia disponível na barra direita. Para corrigir eventuais injustiças (na minha óptica), criei o Javardo de Prata, ou menção honrosa, premiando quem eu acho que deveria ganhar mas não conseguiu, por falta de votos ou por os votantes não terem visto os respectivos filmes.
Aqui ficam então os vencedores:

Melhor filme:
O Javali de Ouro vai para...
Babel

Melhor realizador:  
O Javali de Ouro vai para...
Martin Scorsese, The departed

Melhor actor:           
O Javali de Ouro vai para...
Leonardo diCaprio, The departed

Melhor actriz:           
O Javali de Ouro vai para...
Helen Mirren, The queen

e um javardo de prata para...
Judi Dench (Notes on a Scandal), por uma performance absolutamente brutal, monstruosa no bom sentido do termo

Melhor argumento:    
O Javali de Ouro vai para...
Perfume
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Sexta-feira, 16 de Março de 2007

A semana em cartoon: o primeiro (mini-pseudo-) crash das bolsas ditado pela China

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um discurso de Abraracourcix às 09:55
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Final da escolha para os Javalis de Ouro: ainda podem votar!

A votação para os Javalis de Ouro desta gaulesa aldeia está a correr a um ritmo razoável, mais ou menos como esperava. Assim, decidi anunciar os vencedores na segunda-feira, pelo que aqueles que passarem por aqui durante o fim-de-semana podem aproveitar para votar nos seus favoritos!
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um discurso de Abraracourcix às 09:46
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A sorte do Benfica

Após alguns avanços e recuos, lances inspirados e facilitismo, como é típico das equipas portuguesas, o Benfica lá se apurou para os quartos-de-final da Taça UEFA... Para o sorteio, hoje de manhã, a minha avaliação dos possíveis adversários.

Gostava que o Benfica apanhasse:
  • Osasuna ou Espanyol
Não gostava que apanhasse:
  • Werder Bremen, Sevilla ou Alkmaar
Os assim-assim (o meu palpite é que o Benfica jogará com um destes):
  • Tottenham ou Bayer Leverkusen
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Quarta-feira, 14 de Março de 2007

O futuro da Igreja está assegurado

(este post tem o alto patrocínio de Sua Diabolidade Bento XVI)

O Papa Bento XVI acabou de publicar uma exortação apostólica (traduzindo para português laico, é uma espécie de documento com linhas de orientação), Sacramentum Caritatis (tradução para português não recomendada, como se verá adiante), onde faz diversas recomendações que, estou certo, finalmente porão a Igreja no caminho certo.
Assim, sugere-se "não admitir aos sacramentos os divorciados recasados, porque o seu estado e condição de vida contradizem objectivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja".
Partindo do princípio de que todos os padres serão terão a divina iluminação de distinguir, de entre todos os seus fiéis, aqueles que estão nesta condição, isto não pode deixar de ser visto como um grande passo em frente: afinal, as igrejas são locais de meditação e oração, onde o silêncio deve imperar, e missas com mais de vinte fiéis perturbam esse ideal silêncio. Por isso, quanto menos pessoas, melhor será a celebração.
Aliás, suspeito que em próximas recomendações o Papa também excluirá da eucaristia todos os que não tiverem efectuado a primeira comunhão e o crisma, etc. Na sequência de tal salutar diminuição de frequentadores das missas, outros grupos se perfilam para serem liminarmente excluidos:
  • quem tenha abortado (como em Portugal já sabemos desde a campanha para o referendo);
  • quem nunca tenha feito peregrinação a Fátima ou a Santiago (a pé, claro);
  • quem não cumpra rigorosamente os 40 dias de jejum da Quaresma;
  • quem tenha relações sexuais com fins (cruz credo) de mero prazer libidinoso e egoísta, sem tentar a reprodução;
  • quem utilize métodos contraceptivos, esses artefactos do demo;
  • quem não tome a iniciativa de chamar Bento a pelo menos um dos seus filhos;
  • claro que dos homossexuais(eze) nem se fala...
Quando todas estas directivas estiverem em vigor, a missa poderá então ser uma ocasião de celebração perfeita, em que o sacerdote terá todas as condições para que as belas palavras eucarísticas ecoem no silêncio, para que possa contemplar a sua bela igreja vazia e comungar sozinho.

Mas Sua Diabolidade vai mais longe, e num rasgo de ousadia, aconselha aos sacerdotes um maior uso do latim e do canto gregoriano. Se do canto gregoriano não é preciso frisar a enorme popularidade (basta ver os milhares de discos vendidos de qualquer álbum edição de cantos gregorianos), já a maior utilização do latim é o necessário passo avant garde para colocar a missa em linha com a arte pós-moderna.
Eu aqui no Altermundo associo-me desde já a este moderno desígnio, pelo que o resto do post será escrito em latim:

Tandem vaticanus habeo audentia et expedio intro semita rectus, semita Ecclesia sine fidelia (tantum impedimentum, ut videor), et vivere per siglo rectus, siglo qui vivemus, nimirum, siglo XVI.

Perceberam alguma coisa? Não?!?
Pois bem, também não perceberão as missas, como ninguém perceberá. Mas como os católicos adoram ficar uma hora num sítio a ouvir alguém falar uma língua morta de que não entendem nada, continuarão entusiasticamente a ir à missa, e até a obrigar os seus filhos que querem tirar direito - afinal, que melhor forma de aprender o b-a-ba do ramo?
O futuro da Igreja, o milagre da multiplicação dos fiéis, está pois assegurado.

(para os leigos que não percebem latim - como eu, que só consegui escrever umas míseras palavras  à custa de muito suor e do Internet Dictionary Project, o único que encontrei com tradução online para latim - e que portanto não poderão frequentar a igreja, a tradução do que escrevi acima:
Finalmente o Vaticano tem a coragem e a lucidez de caminhar no rumo certo, o de uma Igreja sem fiéis (só atrapalham, como vimos), e de viver no século certo, aquele em que vivemos, obviamente, o séc. XVI.)

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Terça-feira, 13 de Março de 2007

A barbárie passa na televisão - e a resposta não passa de boas intenções

A propósito da minha indignação face às imagens divulgadas pela TVI da execução de Saddam Hussein e da queixa que encaminhei para a própria TVI (sem resposta até agora) e para a Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC), esta última teve a gentileza de me enviar a deliberação que, mais de dois meses volvidos (a data é de 8 de Março), aprovou, e que no que me interessa versa assim:

"A TVI emitiu as imagens do enforcamento, apesar de elas não acrescentarem valor
informativo às peças anteriormente emitidas. Explorou, pois, a sua componente macabra
e alimentou sentimentos de voyeurismo.
(...) o Conselho Regulador não tem dúvidas em afirmar que a exibição da morte de Saddam Hussein pela TVI não era jornalisticamente necessária, nem enquadrável em qualquer critério jornalístico, ética, deontológica ou legalmente oponível. Por outro lado, não detecta o que podia o visionamento da morte de um ser humano acrescentar à notícia – e não pode deixar de concluir que, manifestamente, o resultado objectivo foi o de acicatar o estímulo ao voyeurismo através de um sensacionalismo reprovável, tido por eficiente na captação do “interesse” do espectador.
A decisão da TVI de exibir estas imagens representa, por conseguinte, uma violação
grave de deveres jornalísticos e legais...
(...) do que se tratou com a sua difusão foi da exibição gratuita de um acto de enorme violência, tanto na sua componente física como psicológica (...) uma evidente e cabal exemplificação do que poderá entender-se, no sentido normativo, por “violência gratuita”.

(...) O Conselho Regulador

Considerando as queixas apresentadas por Marco Sousa, António Rufino e Jorge Pegado Liz contra a TVI, relativas à difusão de imagens nos seus serviços noticiosos sobre a execução de Saddam Hussein, nos dias 30 e 31 de Dezembro de 2006...

(...) Decide, com base nos factos apurados (...) instaurar procedimento contra-ordenacional contra o operador televisivo TVI.

1. Insta a TVI ao cumprimento do disposto no art. 24.º, n.ºs 2 e 6, LT, em especial, ao cumprimento da obrigação de advertência sobre a difusão de imagens especialmente violentas, como as que se referem ao processo de execução de Saddam Hussein e foram transmitidas nos serviços noticiosos dos dias 30 e 31 de Dezembro de 2006.
2. Considera que a decisão editorial da TVI de difundir, a 31 de Dezembro, as imagens do enforcamento de Saddam Hussein, constitui uma violação do art. 24.º, n.º 1, LT, por estas desrespeitarem a dignidade da pessoa humana e, nos termos deste preceito, constituírem exemplo de “violência gratuita”.
3. Recomenda à TVI o cumprimento dos seus deveres legais e éticos."

Para além do afago ao ego que faz ver o nosso nome numa deliberação de um órgão público e de ter contribuído para a discussão a nível "oficial" desta questão, várias reflexões me assaltam ao ler a deliberação.
Por um lado, o largo período de tempo de que a ERC necessitou para discutir algo que penso ser bastante simples, e que passa apenas por decidir se as imagens transmitidas pelos vários canais (sobretudo pela TVI) eram ou não demasiado chocantes e se eram ou não jornalisticamente relevantes. Eu até já me tinha esquecido da queixa!...
Por outro lado, a ERC limita-se a apresentar recomendações que, por veementes que sejam ("insta-se" ao cumprimento, em vez de apenas se recomendar), não passam disso mesmo e não são obrigatoriamente aplicáveis. A ERC também informa que irá "instaurar um processo contra-ordenacional" contra a TVI (que jargão, meu deus!), mas sobre estes todos sabemos como, se não ficarem por águas de bacalhau serão de um valor ridículo para a dimensão das receitas de uma estação de televisão como a TVI, tão ridículo que José Eduardo Moniz, em lugar de se exaltar, rirá de bom gosto...
Este é, no entanto, o limitado âmbito da actividade da ERC, que por determinação estatutária e governamental (leia-se o Governo que a instituiu) não pode ir mais longe. É manifesto quão pífio é o seu poder para fazer face a patentes violações como a relativa às bárbaras imagens da execução de Saddam, e quão necessária seria uma outra entidade, com poderes bastante mais alargados - e, obviamente, independentes.
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Abraracourcix o chefe falou sobre: ,
um discurso de Abraracourcix às 09:57
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Sexta-feira, 9 de Março de 2007

A semana em cartoon: Bush na América Latina

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um discurso de Abraracourcix às 14:42
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Prémios Javali de Ouro para os melhores filmes de 2006/07

Eis a concretização de uma ambição "carola" que tinha há algum tempo: a atribuição de prémios aos melhores filmes, na tradição dos Óscares. Claro que fazendo jus a esta gaulesa aldeia onde me situo, nenhum título poderia ser melhor - na linha dos mais reputados prémios cinéfilos europeus - que os Javalis de Ouro.
Assim sendo, está aberta a caça... perdão, a votação para que também vocês, caros leitores irredutíveis gauleses, possam ter uma palavra a dizer neste banquete... perdão, atribuição de prémios.
Existem cinco categorias (filme, realizador, actor, actriz - principais ou não, argumento - original ou adaptado, é indiferente), cada uma com cinco nomeados escolhidos por mim, apenas de entre os filmes que vi (não nomeei filmes que não vi, logicamente) entre Março de 2006 e o final de Fevereiro deste ano, ou seja, mais ou menos entre as duas últimas atribuições dos Óscares.
Quero frisar que terei a vossa votação em conta ao decidir os vencedores, dentro de uma semana ou duas (depende do ritmo da votação), mas apesar de gostar da democracia ela tem limites: afinal, sou eu o chefe desta aldeia blogosférica, como tal o vosso voto equivalerá a um referendo não vinculativo, pelo que retirarei as mesmas ilacções que o chefe da grande aldeia que é Portugal em relação ao referendo "real".

E agora, aos votos! Para vos ajudar, eis um resumo, com links, das nomeações que decidi:
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Abraracourcix o chefe falou sobre: , ,

Os melhores javalis


O chefe viu:
   "Nightwatchers", Peter Greenaway

  

 

   "The Happening", M. Night Shyamalan

  

 

   "Blade Runner" (final cut), Ridley Scott

  


O chefe está a ler:
   "Entre os Dois Palácios", Naguib Mahfouz

O chefe tem ouvido:
   Clap Your Hands Say Yeah, Some Loud Thunder

   Radiohead, In Rainbows
 

por toutatis! que o céu não nos caia em cima da cabeça...

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