No Público de hoje:
"Portugueses transferidos para zona mais instável
"110 dos 153 militares que chegaram em de Agosto a Cabul trocaram a capital afegã pelo sul do país A missão atribuída a 110 militares do Batalhão de Infantaria Pára-Quedista destacado no Afeganistão, de garantir a segurança do perímetro do aeroporto de Kandahar, no Sul do país, "não tem mais perigosidade do que outras já realizadas pelas forças portuguesas" no estrangeiro, garantiu ao PÚBLICO o comandante Sassetti Carmona, porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA)."O teatro é todo o mesmo, mas Kandahar fica no Sul e no Sul tem havido mais intensidade nos combates, os taliban estão mais concentrados ali. A missão em si não constitui nenhuma novidade no contexto das atribuições dos militares portugueses. O anterior contingente também fez operações no Sul e participou nalgumas tão perigosas do que esta", admitiu. (...)
Isto nada tem que ver com a operação Medusa", assegurou Sassetti Carmona, depois de frisar que os portugueses se integram numa "força de reserva, não de combate" (...)
O porta-voz do EMGFA explicou ainda que a ISAF, a força da NATO no Afeganistão no âmbito da qual se integram os portugueses, tem como objectivo a estabilização das zonas afectadas pelas operações de combate a cargo principalmente dos Estados Unidos. Actualmente, a ISAF tem em curso a "Fase 3", visando assegurar um controlo mais efectivo da zona sul."
O título da notícia tem implícita a ideia de que a transferência de militares portugueses para uma zona potencialmente mais perigosa não é desejável - no limite, de que "se era para isto se calhar devíamos ter pensado duas vezes antes de enviar os tropas". O resto da notícia depois preocupa-se exclusivamente em contrariar esta ideia e por paninhos quentes: afinal não é bem assim, as tropas portuguesas estão numa missão que não é de combate, vão apenas fazer a segurança do aeroporto de Kandahar, etc.
Com esta dicotomia se revelam duas coisas. Em primeiro lugar, a forma de vender jornais em Portugal, através de manchetes alarmistas e enganadoras, com notícias que depois não têm nada a ver e vão em sentido contrário.
Depois, a mentalidade portuguesa quanto à participação em missões internacionais. Para nós, não há problema, desde que não seja perigoso... Como se fosse possível aceitar ir para o Afeganistão, para falar do exemplo em causa, e não aceitar os perigos inerentes ao próprio país e à situação em que se encontra. É o famoso instinto português que tenta sempre em qualquer circunstância passar entre as gotas da chuva sem se molhar.
(sim Pedro, o Guterres era o maior perito nisto...)
A mentalidade portuguesa a este respeito é a mesma de muitos outros países. Já há uns bons meses atrás o mesmo era comentado na BBC precisamente sobre a missão no Afeganistão e o contributo dos Estados membros da NATO de um modo geral. E a última cimeira da organização, em que se pediu mais tropas e (quase) ninguém as deu, mostra bem como não estamos sós.
És capaz de ter razão, mas isso não invalida o meu argumento-base: como diz o adágio, quem vai à guerra dá e leva, e quem decide enviar tropas para o Afeganistão (e eu concordo plenamente com isto, aliás tinham-se resolvido muitos problemas se em 2003 em vez de se mandarem 150.000 tropas para o Iraque se tivesse enviado para o Afeganistão), quem o decide dizia tem que assumir as consequências, claro que não agradáveis mas que já se sabe à partida que vão acontecer. Não sei se fui mais claro que no post...
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