Regresso ao tema depois de ter a Sofia (
@ Defender o Quadrado) me ter enviado o link para o discurso completo de Bento XVi. E como - já o disse anteriormente - acho que é importante opinar sobre os próprios factos, e não sobre a impressão que se tem após ter lido a descrição dos factos por alguém feita,
aqui fica o link, para que leiam também o discurso e só depois opinem. Lido o discurso (algumas partes na diagonal confesso), algumas correcções se impõem face
ao que escrevi anteriormente.
Primeiro, o que pensei ser apenas uma nota de alguma forma marginal e enterrada algures no meio de um longo discurso foi afinal proferido logo no início do mesmo e foi mesmo o ponto de partida de toda a argumentação que se seguiu.
Segundo, o Papa foi tudo menos ingénuo, e o "separar de águas" de que falei foi totalmente explícito. Terceiro, se não fala explicitamente em superioridade da fé católica, afirma que esta é a única que tem a Razão (no sentido que a cultura clássica grega lhe dá, o "logos").
Portanto, sou obrigado a concluir que eu é que fui ingénuo, quando concluí que mesmo tendo errado, a intenção do discurso papal era inerentemente benévola. Retiro o que disse. Continuando a achar as reacções islâmicas excessivas (mais uma vez o paralelo com a questão dos cartoons), a indignação é absolutamente compreensível.
É oficial (latim propositadamente macarrónico): "
Habemus Papam incendiarius". E mais um prego no caixão da Igreja.
Apraz-me sempre verificar quando as pessoas tem a capacidade de assumirem que se enganaram, ainda para mais publicamente. Acho isso muito revelador do carácter de quem o faz. :)
Confesso que nunca pensei que tenha sido de forma descuidada e inconsequente que o Papa disse isso. Uma pessoa na sua posição não se pode dar ao luxo de o fazer e se o faz é pura incompetência. E depois aqueles textos devem ser escritos e re-escritos várias vezes e alvo de análises detalhadas por várias pessoas, pressumo eu. Se não são, deviam. A responsabilidade inerente ao cargo é muita e não se manda assim uma mensagem destas, com um eco estrondante a nível mundial, sem esperar repercussões.
Quanto a mim, o Papa devia transparecer mensagens de apaziguamento (não é ó que todos queremos? paz? comunhão entre os povos?), e não de supremacia relativamente aos outros credos. Mas enfim...somos tão civilizados, tão civilizados que caimos na esparrela básica do "eu sou melhor que tu"....
E claro que nada disto retira responsabilidades aos exageros islâmicos...
E agora a ver se acerto no caracteres, estou já ali a verum, que não sei se é um "a" se um "d" ;)
Parece que acertaste nos caracteres, macambúzia ;))
Pois, a mim também me apraz quando isso acontece... Concordo inteiramente contigo quanto à intencionalidade do discurso papal, e isso é que é verdadeiramente inquietante... Obviamente que, como tu dizes, isso não desculpa os exageros islâmicos, sendo que estes estão directamente correlacionados com a flutuação dos preços do petróleo: à mínima faísca, disparam...
Agora sou eu, aquilo é um "q" ou um "9"?... ;)
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