Longe de polémicas entre srs. Coutos paranóicos carreiristas e dois ou três autores de "blogs obscuros" com "interesses [ainda mais] obscuros" (por sinal dos mais fiéis "irredutíveis gauleses" que vão tendo a paciência de me ler e ocasionalmente comentar), no Altermundo prefiro dar relevo ao que é realmente importante neste nosso bananal. Ao escândalo. Ao choque. Ao horror. Vamos ver:
Ontem, o ministro da Saúde (??) anunciou que vai instaurar taxas moderadoras para os internamentos hospitalares e cirurgias. Mas como o ministro é uma pessoa muito boazinha, tratou logo de frisar que uma larga percentagem dos utentes já estão isentos de tais taxas - dadores de sangue, cancerosos, tuberculosos e seropositivos, respirem fundo. Todas as poucas pessoas (caberiam numa qualquer abandonada aldeia transmontana, a acreditar no ministro) que não se incluem numa ou em mais destas categorias vai ter de mudar de passatempo. Em vez de pedir para serem internados e operados - sim porque todos sabemos que um doente só é internado porque quer, o médico é apenas o maître d'hôtel que apresenta o menu de cirurgias, "a operação do dia está deliciosa hoje, senhor" - para resolver a sua hérnia, ou cancro da próstata, ou pneumonia, ou ataque cardíaco, estes desavergonhados que vão mas é para a praia, que o mar tem efeitos curativos importantíssimos nas hérnias, cancros da próstata, pneumonias e, consta (ainda não está provado), até nas hemorróidas.
O problema disto é que o próprio ministro reconhece que os € 7 que vai cobrar a cada internado (por dia?), mais provavelmente outro tanto por cirurgia, é apenas uma quase insignificante contribuição para o buraco do SNS - a intenção é apenas "moralizar" o sistema. Porque, como já disse, os médicos são apenas maîtres d'hôtel que falharam a vocação, e os doentes são todos ricaços que se pelam por uma cama de enfermaria na companhia de outros cinco endinheirados. "Qual spa?! Caldo de bactérias multi-resistentes é o que está a dar!", dizem uns aos outros entre uma tossidela e uma falha de respiração.
O ministro, que é um guru da moda, é que vê à frente, e já percebeu que na colecção Outono/Inverno 2006/2007 o internamento hospitalar vai estar "out". O que vai estar "in", mas isto ele não o pode dizer, e este é que é o escândalo subjacente a este escândalo, são os hospitais privados, que já estão em bicos de pés a babarem-se pelos restos mortais do SNS.
Já não falta muito para o fim do SNS. Já está aí a chegar. Já chegou.
De
Hopes a 20 de Setembro de 2006 às 15:42
António digo-te o que disse ao Pedro, sobre o mesmo tema: Mais uma medida muito socialista... O que nos vale é que a JS, onde não existe seguidismo partidário acrítico, vai levantar a sua voz contra esta deriva neo-liberal do governo...
A despropósito, ainda bem que não sou a única que erro na decifração das letras, diacho de coisa chata...
Já tinha lido, Hopes, e partilho do teu optimismo desenfreado ;)
A despropósito, as letras são mesmo chatas...a tal ponto que já receei que o dispositivo me barrasse a possibilidade de comentar o meu próprio blog!... :o
De
Max a 21 de Setembro de 2006 às 13:26
Contem comigo nesse "optimismo" desenfreado :))
comentar - começar zaragata