Vem no Público de hoje, e ao ler o título "Durão Barroso defende pausa no alargamento da UE" tremi, receando mais uma idiotice do geneticamente cretino "cherne fugidio". Ao ler a notícia, no entanto, sou forçado a concordar.
Citando o artigo, Durão Barroso diz apenas aquilo que eu penso há muito tempo, defendendo que a UE "deverá suspender a entrada de novos membros até à resolução do actual impasse institucional. "Enquanto presidente da Comissão, considero imprudente admitir novos Estados, além da Bulgária e Roménia, antes de a questão institucional estar resolvida", afirmou Barroso, durante uma conferência de imprensa com o primeiro ministro francês, Dominique de Villepin . (...) Barroso deixou no entanto claro que há limites para a capacidade da UE de admitir novos membros com o actual modelo institucional, que, segundo a convicção generalizada entre os responsáveis europeus, rebentará pelas costuras com Vinte e Sete Estados a partir de Janeiro. "Não podemos acolher novos Estados membros sem uma reforma prévia das instituições", insistiu"
Continuo a achar que a última vaga de adesão à UE foi um erro crasso. Admitir cinco países Rep . Checa, Eslováquia, Hungria, Polónia, Eslovénia), como estava definido previamente, já era um sério desafio à capacidade de absorção de uma União sem instituições à altura de uma Europa a Vinte. Sempre foi minha convicção que absorver cinco países vindos do antigo espaço de influência comunista, com todos os problemas decorrentes de uma transição abrupta para uma economia radical de mercado, iria demorar longos anos, mais que em todos os alargamentos anteriores incluindo o "nosso", quando foi necessário integrar três países pobres - na altura - em pouco tempo, Portugal ,Espanha e Grécia), porque os problemas a resolver eram de índole estrutural. O alargamento a dez países em lugar de cinco apanhou-me totalmente de surpresa, e desde logo pensei - para além de demorar ainda mais tempo a absorver - que era um erro de sérias consequências - que de resto ainda agora começamos a ver...
A reestruturação institucional da UE já há muito tempo que era, mais que uma necessidade, uma urgência. Com uma Europa a Vinte e Cinco ainda o é mais, por isso não posso deixar de concordar com o alerta de Durão Barroso. Até os chernes às vezes dizem coisas acertadas...
Claro que o problema de como será feita a reestruturação, se através da propagada Constituição Europeia, ou de uma diferente, é uma questão totalmente diferente, e que por si só merece um grande e estruturado post ... Quando foi redigida a dita Constituição, achei que não resolvia nada de fundamental. Fiquei de algum modo contente com a rejeição a que foi sujeita porque é uma janela de oportunidade para resolver alguns dos seus problemas - embora pense que já se perdeu demasiado tempo de simples imobilidade, e esteja convencido que não temos actualmente líderes à altura do desafio.
Voltando à questão fundamental: já é tempo de reestruturar, de uma vez por todas, a arquitectura institucional da UE!
(apelo lírico e destinado a cair em saco roto:) Uma nova e radicalmente diferente constituição, já!
Temos uma União Europeia podre, estagnada, sem rumo e sem identidade.
Uma UE Blairista e uma UE Zapaterista.
Uma Constituição Europeia que para além de não resolver nada, tentou valorizar as empresas em detrimento das pessoas e como tal levou com um valente Non.
E desde então vive no marasmo de nem sequer saber o que fazer.
Parar para redefinr estratégias e prioridades é importante. Mas essa paragem já dura há muito tempo, as clivagens agudizam-se e o impasse mantem-se. Não apresentam alternativas. Não tem uma tomada de posição convergente e assumida relativamente a quase nada.
Dá vontade de perguntar o que lá andam a fazer.
Não andam a fazer nada, macambuzia, é o que é. É como digo: não temos líderes à altura da UE. E asssim esta parece condenada a definhar lentamente... e se assim for, a longo prazo, morrerá, e tudo o que de bom foi conseguido morrerá com ela. Já era tempo de os governantes acordarem, mas, mais uma vez, não estão à altura, preferem dormir a siesta...
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