Seguindo uma tradição que há alguns anos sigo na "intimidade" da minha mente, e que já partilhei no Altermundo tentando - sem sucesso - um exercício democrático de votação, decidi escolher os titulares dos prémios relativos a 2006 para os destaques, pela positiva e pela negativa, nas áreas Nacional, Internacional, Cultura e Desporto. Dado que no ano passado ninguém se mostrou interessado em participar na escolha, este ano - e inspirando-me no esprit du jour dos últimos dias de 2006 - afirmo-me como ditador e sou eu que escolho. Os prémios então:
Nacional
Prémio El-Rei D. João II: Teixeira dos Santos
Goste-se ou não, a verdade é que as contas do Estado entraram nos eixos, e pela primeira vez em vários anos - não devia ser destaque, mas com a governação, digamos, pouco séria, dos últimos anos, é-o sem dúvida - temos orçamentos de estado realistas.
Prémio Santana Lopes: Correia de Campos
A provar o carácter maniqueísta deste goveno, os destaques positivo e negativo ficam entregues a membros do mesmo executivo. No caso de Correia de Campos, quase nem é preciso explicar o zelo com que se dedicou a acelerar até ao limite o ritmo com que desde há largos anos se tem vindo a proceder ao desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde. Fruto das suas explosivas declarações e das suas ainda mais explosivas decisões, Correia de Campos é, neste governo, o melhor servo que os interesses privados na Saúde podiam ter.
Menções honrosas: Marques Mendes, Ribeiro de Castro, não-líderes da inexistente oposição ao Governo.
Internacional
Prémio Gandhi: não atribuído
Num ano como o de 2006, seria um completo contra-senso atribuir um prémio com o nome do mais destacado dos pacifistas.
Prémio Bush: sem surpresas, para o próprio, mais especificamente para a sua política internacional.
Já aqui escrevi várias vezes sobre a falta de capacidade de Bush para jogar xadrez, e as várias partidas simultâneas que se vão desenrolando no Médio Oriente estão, sem excepção, a cair muito claramente para copiosas derrotas. Enquanto Bush se concentra na próxima jogada, os seus adversários, com destaque para o Irão, já vêm três ou quatro jogadas à frente...
Menções honrosas: Mahmud Ahmadinejad (pelo delírio que é a sua política internacional), governo-fantoche iraquiano e o respectivo fantocheiro americano (pela pena capital de Saddam Hussein)
Cultura
Prémio Picasso: devoluções de "arte nazi"
Foireconfortante assistir à devolução aos legítimos proprietários de inúmeras obras de arte saqueadas pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial, embora tenham servido apenas para as leiloeiras conseguirem receitas recorde, e para que milionários e oligarcas russos, árabes e chineses vão construindo secretas colecções de referência...
Prémio Pimba: Rui Rio
Em 2006 rio atingiu o paroxismo, assumindo completamente a pele de cruzado anti-cultura na cidade do Porto. Fim dos subsídios à cultura, privatização da gestão do Rivoli - duas decisões sem a participação, que seria no mínimo lógica, do vereador da Cultura - foram apenas as mediáticas confirmações do autismo de Rio e do horror que tem a tudo o que inclua a palavra "cultura". Tenho vergonha da cultura da minha cidade depender de uma pessoa assim.
Desporto
Prémio Paris-Dakar: selecção nacional
Pode-se ou não criticar - e eu sou um dos que, até certo ponto, não hesita em fezê-lo - mas a verdade é que, justa ou injustamente, com sorte ou sem ela, a jogar bem ou mal, ficámos em 4º lugar no Mundial... e nos anais da História, em última análise, será isso a contar.
Prémio Bimbo da Costa: para o próprio e para todos os seus amigos e conhecidos, bem como para todos os que não o sendo dão tão mau nome ao futebol nacional
Sem explicações necessárias, "penso eu de que"...
Têm algo a criticar? Nomes a sugerir? Náo concordam com as minhas ditatoriais escolhas? A "castanhada" é sempre bem vinda nesta gaulesa aldeia, deveras!