Em Madrid, pelo menos, isso parece ser verdade, apesar da aparência progressista. A legalização do casamento entre homossexuais parece demonstrar uma sociedade aberta, inclusiva, sem medo de avanços sociais potencialmente polémicos. No entanto, sob esta manta colorida, a mesma negra realidade do costume, em Espanha como em todos os outros países: a intolerância, a homofobia.
Veio hoje no meu jornal de sempre, o Público, uma notícia chocante o suficiente para me levar a escrever este post. Um espanhol e um holandês que frequentavam uma piscina pública em Madrid foram atacados, à pedrada e ao pontapé (sim, leram bem... não sei como é possível haver pedras numa piscina, mas isso deverá ser perguntado aos responsáveis pela segurança da dita), pelo simples facto de terem trocado um abraço e um beijo em público.
A notícia vem hoje em todos os jornais espanhóis, juntamente com declarações de membros de associações de defesa dos direitos LGBT (para quem não sabe: sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transsexuais) que asseguram que apesar de se sentir uma maior abertura social, este tipo de agressão continua a fazer parte do quotidiano.
São também divulgados resultados de sondagens que demonstram que boa parte dos espanhóis ainda acredita que a homossexualidade é uma doença, e até que é tratar depreciativamente os homossexuais...
Poderá ser chocante para quem não conhece um pouco desta realidade, mas é apenas demonstrativo dos muitos avanços que ainda há a fazer, e de quão lenta é a evolução neste campo social.
De facto também tenho reparado muito nesse problema: a falta de acompanhamento social das medidas implementadas pelo Governo de Zapatero. Ainda há uns tempos, numa reunião informal de jornalistas na Suíça, um deles me perguntava a razão de Portugal não ter seguido as pisadas espanholas no casamento gay. Eu respondi que, se os intelectuais do Bairro da Chueca, em Madrid, estavam 100% ao lado de Zapatero, dificilmente a restante população (aquela que esteve na missa do Papa em Valência) o seguiria...Mais ainda, em portugal os nossos políticos não têm os tomates (é preciso dizê-lo) que aqueles outros espanhóis. A esquerda em terras de Portugal, segundo Sócrates, é "moderna"...Evita abortos e excomunga quem defenda gays. É uma esquerda posta na gaveta. Em Espanha, não. Poderá demorar a mudar mentalidades. Mas os políticos estão a fazer o seu trabalho. E bem...
Concordo plenamente... e se em Espanha o antagonismo se traduz numas pedradas e pontapés, em Portugal, tenho a impressão, seria bem pior. Sou totalmente a favor da legalização do casamento entre homossexuais, mas penso que é preciso, primeiro, preparar a opinião pública, acelerar a mudança de mentalidades. E o meu dedinho diz-me que é precisamente isto que o Sócrates já está a fazer: a "fazer a cama" para, lá para o final do seu putativo segundo mandato, largar esta "bomba social"...
hummmm
Se o seu dedo tivesse razão, até nem seria mau. Mas tenho muitas dúvidas. Muitas mesmo...
Como diria um amigo meu, a ver vamos, não há-de ser nada... e se for, que seja menina que não vai à tropa ;)
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