Uma vez que o acesso ao site do Público é pago (nem sequer vou deixar o link), reproduzo aqui parte de uma crónica que li na edição de hoje, da autoria de Fernando Belo, intitulada «Israel e a Lei da Guerra», e que me parece interessante e merecedora de debate:
"(...) só quando as sociedades árabes chegarem à modernidade é que poderá desaparecer o síndroma do 'choque das civilizações' (o qual só tem sentido do ponto de vista da impotência deles, da raiva que esta dá)...
A contradição deste tipo de guerras é visível a qualquer espectador de telejornais, quer a mortandade absurda de gente civil, quer a destruição de estruturas civis de modernidade de todo o género que haverá em seguida que reconstruir, sabendo-se que os meios para tal faltam cruelmente. Isto é, estas guerras matam gente inocente, geram jovens com ódio e impedem a modernidade dos países que não podem contar ainda com gente suficientemente escolarizada. Enquanto a estratégia for de guerra, esta eternizar-se-á. A questão do fim da contradição do Médio Oriente pode colocar-se, em termos teóricos, da seguinte maneira, difícil, senão utópica: que Israel colabore decididamente na construção da modernidade palestiniana, crie uma rede de instituições e práticas de tal maneira forte que nenhuma das partes, capital e empregos, possa querer guerra. (...) Utopia hoje, é certo, mas estrita condição de possibilidade da paz. (...)"
Deixo também outra notícia curta que me parece merecer atenção:
Israelitas falham alvos deliberadamente
"Pelo menos dois pilotos israelitas falharam deliberadamente os alvos civis que lhes foram destinados no Líbano, quando aumentam as dúvidas sobre a eficácia das informações militares, referiu ontem o semanário britânico Observer. De acordo com o periódico, os pilotos temiam que os alvos fossem erradamente identificados como estruturas do Hezbollah: «tinham medo que lá estivessem pessoas e não confiam mais nos que lhes dão as coordenadas e os alvos.» (...)"
Aqui está uma atitude rara entre os Israelitas, mas exemplar em termos de consciência!
Esta crónica do Fernando Belo está excelente, vai ao ponto fulcral da questão do terrorismo. Não seria mais eficaz auxiliar os povos islâmicos a reunir condições socioeconómicas favoráveis ao desenvolvimento ou «à construção da modernidade»? Será que reunidas estas condições os terroristas teriam eco junto da população? Não estarão os ataques israelitas e a aniquilação destas estruturas básicas, a fomentar o ódio e o terrorismo, em vez de o combater?
PS: Obrigado pelo destaque dado a este texto, e se não se importa, vou divulga-lo e comentá-lo no meu blog também.
Eu é que agradeço pelo gentil comentário. Estive a ver o teu/seu (riscar o que não interessa) blog, achei interessante aquela dos blogs de gaja vs blogs de gajo... vou deixar lá um comentário para retribuir a gentileza.
Não tens que agradecer (já risquei o seu...). Eu é que agradeço o link para o meu blog, cabe definitivamente na categoria "palhaços"... lol
Fico contente por riscares o "seu" em vez do "teu" :) Sabes, revejo-me também um pouco no teu blog, em algo da temática, do registo em que escreves e, como no meu, da falta de visitantes e comentários :(
Passamos da questão do Líbano à dos pequenos blogs... Muito honestamente, eu não me importo de ter poucos visitantes (os meus amigos e 2 ou 3 desconhecidos). Ter um blog para mim, é só um exercicio um pouco egoista, coloco lá o que eu gosto e o que eu penso, sem me preocupar se as pessoas vão ler ou se vão gostar. O mais importante é que o blog obriga-me a ser mais crítica, mais atenta, mais criativa. É sobretudo um hobbie engraçado que estimula a massa cinzenta...
Não é uma questão de me importar... mas a minha motivação para criar um blog era suscitar discussão, um espaço de debate com pessoas que pensem, ou não, como eu. No fundo queria criar o meu próprio jornal, com as notícias que eu considero mais importantes e as minhas reflexões sobre ela. Acaba também por ser um pouco egoísta claro...
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