"Em Portugal cerca de metade dos eleitores não se dá ao trabalho votar para eleger o seu presidente da República. Nas eleições de ontem, em França, participaram 87 por cento dos eleitores. Nos EUA, mesmo em eleições controversas e muito disputadas, a situação é idêntica à portuguesa e à de muitos países industrializados: um em cada dois eleitores não vota. Em França é apenas um em cada sete que não o faz.
Suspeito que pouca gente, em Portugal ou no resto do mundo, dê relevância a este facto. E não se trata de um acaso: já quando foi o referendo sobre a Constituição Europeia, ninguém reparou que uma quantidade apreciável dos franceses não só votara como principalmente tinha lido o maçudo tratado de 300 páginas que era submetido à sua apreciação.
No entanto, quem ler tudo o que se escreve sobre a França - e no nosso país é muito - diria que é a democracia francesa que está em crise, ao passo que no resto do mundo vai de vento em popa. A França de hoje não tem amigos e tornou-se num saco de pancada fácil, previsível, dos comentadores mais preguiçosos. A França deixou de ser uma realidade a conhecer ou a investigar; tornou-se apenas num acumulado de lugares-comuns. Para quem conheça bem a França, - não a de há vinte ou trinta anos mas a actual -, a maioria do que se escreve não passa de lixo impresso. (...)"
(Rui Tavares, no Público de segunda-feira)
Não vou lendo a maior parte do que se escreve por aí mas a ideia com que fico aqui bem perto dos acontecimentos é que os franceses já perceberam há muito tempo que estão numa situação complicada a muitos níveis (integração europeia, globalização, extremismo locais, etc) e também perceberam que a solução tem que passar pela participação popular, ou seja, pela escolha dos seus representantes. Mas estou longe de acreditar que qualquer dos dois candidatos que passaram à segunda fase tenha respostas para todos os problemas que assolam a França moderna. A questão da manutenção da alta participação popular vai passar por dois factores: 1) a questão do centralismo francês que torna tudo indirecto e 2) O que o novo presidente decidir em termos de caminho político para os próximos 5 anos – se continuam a batalhar apenas em termos retóricos e/ou ideológicos a coisa vai acabar numa grande desilusão...
Não posso senão concordar contigo, mesmo observando de mais longe. É essa convicção de que a solução tem de passar pela participaç.ão popular que é, para mim, uma lição de democracia. Sobretudo para um país cujo sistema político tem os níveis de abstenção e de descrédito que Portugal tem...
Mas também penso que, para já, ambos os candidatos (e mesmo Bayrou foi só isso que fez) pouco apresentaram para além de retórica. Daqui a 5 anos, seja quem for o vencedor, será ainda mais importante que hoje analisarmos o que acontecer...
Vejam:
http://portugueses-irritantes.blogspot.com
e ajudem a escolher aquele que será considerado o mais irritante de todos os portugueses para os seus próprios compatriotas.
PARTICIPA!
Fica aqui o link para esta iniciativa! Da minha parte, só acho pena a votação se limitar a figuras contemporâneas - também houve muitos portugueses bem irritantes ao longo da nossa História!
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