Domingo, 13 de Julho de 2008

O fim do petróleo - cenário não catastrofista

Estava a comentar mais uma interessante análise do Dissidente X quando me apercebi do rumo que o meu comentário levou, e do peso do que estava a escrever. Porque é o assunto da moda, incontornável pelo peso que tem no nosso sistema de vida - o petróleo - decidi adaptá-lo a post.

Ultimamente tenho visto alguns comentários isolados, de pseudo-analistas, de jornalistas e de bloggers (por grau crescente de relevância) que começam por "quando o preço do petróelo baixar...".

Sempre que leio isto não consigo evitar um sorriso triste (como gostava que fosse um sorriso irónico...) e penso como estão iludidos, ou melhor, como querem estar iludidos. O grande problema é que ainda não nos consciencializámos da realidade, melhor, ainda não nos quisermos consciencializar. É o mesmo que quando custa acreditar que um parente próximo está para morrer: é o tipo de má notícia que temos tendência a negar para manter a sanidada mental, e compreendo este mecanismo.

Contudo, por muito que queira acreditar, não consigo. Não creio que o petróleo baixe nem sequer aos 100 dólares, embora gostasse de estar redondamente errado.

 

Não estou a ser catastrofista e sei precisamente o que vou dizer e o peso do que vou dizer. O preço do petróleo não vai baixar, pelo menos não significativamente (gostava de acreditar nos 100 dólares…), e não mais do que no curto prazo (dias, semanas no máximo).
Podem gravar as minhas palavras. O preço do petróleo não vai baixar nunca mais.

 

O que é grave é que como ainda não nos quisemos consciencializar disto, ainda não pensámos a sério, mesmo a sério, em como terá de ser o mundo depois disso.
O petróleo vai acabar, isso é óbvio - por isso se chama recurso não renovável. Em relação a quando vai acabar, suspeito que as petrolíferas tenham uma ideia bem mais nítida do que o que deixam transparecer…

Especula-se muito sobre o “pico do petróleo”, o momento em que a produção petrolífera chegará ao máximo e começará a baixar, alguns dizem mesmo que esse pico já passou e não nos dizem para não criar alarmismo…

Acredito que se não aconteceu (nãio excluo a hipótese), está para acontecer nos próximos anos, o que explica a histeria crescente dos mercados. Mas claro que ninguém nos vai avisar disto… 

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Não às detenções secretas

Apelo da Amnistia Internacional a Nicolas Sarkozy, enquanto presidente em exercício da União Europeia, para uma condenação à política de "rendição" americana. Podem assinar e enviar o apelo online. Este é o texto:

 

Dear President Sarkozy,                                                       
 

 

In view of France's Presidency of the European Union, I urge you to lead the EU Council to publicly condemn rendition and secret detention as unlawful. I am deeply concerned that the recommendations of the European Parliament and the Council of Europe made after investigations into Europe's role in rendition and secret detention have not been implemented. I further call on you to:

- Ensure that Members States establish independent parliamentary and/or judicial inquiries into allegations of co-operation in rendition and secret detention;
- Promote clear and binding safeguards against the use of the airspace or airports of EU Member States for the purposes of unlawful detention and rendition.

Respectfully,
 
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Quarta-feira, 9 de Abril de 2008

Vive la France

De forma negramente simbólica do que realmente significa a conjugação destes Jogos Olímpicos com a questão tibetana, a chama olímpica chegou a ser apagada à sua passagem por Paris. Tinha que ser em França...

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Quinta-feira, 3 de Abril de 2008

O PCP e o Tibete: a minha resposta à resposta de Bernardino Soares

  Caro Bernardino Soares

(espero que não estranhes o tutoiement, é a minha norma blogosférica, bem como penso ser a norma comunista)

Obrigado antes de mais pela resposta, que sinceramente não esperava.

Muito folgo que, pelo menos, o PCP manifeste o seu pesar pelas vítimas e apele ao fim da violência e a uma resolução pacífica da questão.

Não sou no entanto ingénuo ao ponto de pensar que não existe manipulação da informação veiculada. Eu frisei isso na minha carta: sei que ela existe, e que existe dos dois lados (na tua resposta só referes a manipulação "ocidental"); tal como sei - porque isso também passou nos media ocidentais - que os protestos iniciais por parte de tibetanos assumiram também contornos violentos. Não estou como é óbvio de acordo com qualquer tipo de violência, possa ela ser justificada ou não, e julgo que o que escrevi antes deixa claro este meu ponto de vista.

Não compreendo no entanto as aspas relativas à "ocupação chinesa há mais de 50 anos". É um facto que a China ocupou o Tibete há cerca de 50 anos. Ou o facto de haver militares chineses e orgãos de soberania chineses, contra a manifesta vontade dos Tibetanos, não é ocupação? E se é verdade que durante a maior parte da sua história o Tibete não foi independente, é igualmente um facto que o foi (pelo menos de facto) no período imediatamente anterior à ocupação chinesa.

O que está em causa, de resto, nem sequer é a questão da independência, pelo que nem sequer faz grande sentido levantá-la. Como bem dizes, os próprios Tibetanos não se opõem à soberania chinesa; opõem-se isso sim à sistemática aniquilação da sua cultura. O que está em causa é o princípio da auto-determinação, tal como o Dalai Lama repetidamente insiste (embora raramente seja ouvido neste aspecto), princípio que aliás está inscrito na Carta das Nações Unidas. Este não equivale necessariamente a independência, apenas, como é aqui o caso, do direito de cada povo a decidir de si próprio - e o Tibete não se importa de ser chinês, desde que isso permita a livre expressão da sua cultura e religião (que também não é tolerada pela China).

Quanto às tuas alegações em relação a feudalismos e formas de escravatura, não deixas de ter razão: são sistemas contrários aos Direitos Humanos. A sua abolição, porém, pode ser efectuada de múltiplas formas, e não exlusivamente pela força da bota chinesa. De resto, este é uma linha argumentativa perigosa: sob ela alicerçaram os Estados Unidos a sua invasão do Iraque, por exemplo, à qual (e bem) o PCP se opôs.

Alegro-me pelo facto de te teres dado ao trabalho de visitar o meu blog. Espero que talvez o visites novamente (não é preciso concordar com um blog para o ler), e até quem sabe deixar comentários, que seráo sempre bem vindos, concordantes ou não comigo. Quanto à questão do Kosovo, é outro assunto em que discordo com a linha adoptada pelo PCP (mais uma vez as antigas fidelidades a ditarem as suas regras...). O meu ponto de honra é a auto-determinação dos povos, não necessariamente dos países. A inviolabilidade das suas fronteiras deve ser sempre que possível adoptada como ponto de partida para a resolução de questões de auto-determinação (casos na Europa não faltam), mas quando tal não é possível há que avançar para alternativas. No Kosovo é patente que seria impossível a manutenção das fronteiras sérvias, com interferências externas, é certo, mas a partir do momento em que sucederam não se pode retirá-las de cena.

A minha nota final é para o teu argumento de que "é evidente que o apoio a movimentos separatistas por parte de potências ocidentais, é um reflexo do avanço de pretensões de ingerência directa e indirecta no território da China.". Elas existem, como é óbvio - não sou ingénuo como te parece decorrer da minha carta - mas também existem por parte da China, por exemplo no Sudão. Chama-se realpolitik. Não gosto dela, seja por parte de quem for - Estados Unidos, China, Rússia, UE - mas existe. Dos dois lados, como tudo nesta questão (em todas as questões).


                Cumprimentos,


                       António Rufino
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O PCP e o Tibete: resposta de Bernardino Soares ao meu mail

O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, respondeu - e em pessoa, sem recurso a gabinetes ou secretários, o que muito me lisonjeia - ao mail que enviei em relação à posição comunista face à violência no Tibete:

"Caro António Rufino

 

Com todo o respeito pelas opiniões expressas sobre a posição do PCP em relação ao voto sobre os acontecimentos no Tibete, não posso estar de acordo com elas.

 

Penso mesmo que são injustas em relação ao que realmente é a posição do PCP. Envio por isso a intervenção proferida por ocasião desse debate.

 

Desde logo em relação à questão dos Direitos Humanos nela se afirma clara e inequivocamente: “Não está em causa a manifestação de pesar do PCP em relação às vítimas, o seu desejo de que os conflitos tenham uma resolução rápida e pacífica, bem como os seus princípios de defesa da democracia e dos direitos humanos.”.

 

Mas independentemente disso é impossível, ou pelo menos de uma grande ingenuidade, não compreender todo o alcance do que se está a passar.

 

Dizer que há deturpação de informações, como no caso das imagens sistematicamente difundidas como sendo no Tibete, de cargas policiais que afinal eram no Nepal, ou no constante esquecimento de que os protestos na origem dos acontecimentos também foram violentos, não significa negar que existem situações para as quais entendemos dever haver uma solução pacífica, como afirma a nossa intervenção.

 

E não pode significar qualquer dúvida de que o PCP não abdica dos seus princípios de defesa da democracia e liberdade, de que são testemunhos eloquentes a nossa história, o nosso programa e a nossa actividade política diária. São esses que nos responsabilizam. É por esses que respondemos e não por quaisquer outros.

 

Chamo também a atenção para as deturpações históricas sistematicamente feitas sobre a história do Tibete, pense-se o que se pense sobre a sua situação actual ou sobre a China. É o caso das referências à “ocupação chinesa de há mais de 50 anos”, tese sistematicamente repetida e que não tem adesão à realidade. Para além de não se conhecerem quaisquer questionamentos formais à integração da região do Tibete na China, nem sequer das potências que visivelmente ao longo dos anos têm apoiado e até armado movimentos separatistas, a verdade é que o Tibete é uma das regiões da China, com maior ou menor autonomia, desde há 700 anos. O próprio Dalai-Lama não defende a independência do Tibete. Mesmo no período após a revolução popular chinesa essa integração não foi questionada, até pelo próprio Dalai-Lama, que aliás integrou a primeira Assembleia Nacional Popular da China e teve funções de governação no Tibete nesse período.

 

Seria interessante aliás analisar as razões para a divisão que entretanto aconteceu por parte da nobreza e de dirigentes religiosos tibetanos, e a sua ligação com as iniciativas de abolição da servidão e da escravatura vigentes até a essa data naquela região, bem como de um acesso mais justo à terra e aos meios de subsistência.

 

Uma nota final para a questão do respeito pela soberania dos países e dos povos e pelo direito internacional. É que esse princípio está crescentemente ameaçado nos tempos que correm, como bem se verifica na questão do Kosovo (em que verifico que assume no seu blogue como natural o reconhecimento por Portugal da independência deste território), e do Iraque, entre outras. No caso concreto essa é também uma realidade relevante, porque é evidente que o apoio a movimentos separatistas por parte de potências ocidentais, é um reflexo do avanço de pretensões de ingerência directa e indirecta no território da China.

 

Espero com isto ter contribuído para uma melhor compreensão da nossa posição em relação ao voto apresentado.

 

Cumprimentos,

 

Bernardino Soares"

 

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Mais um pouco de luz para o Zimbabwe

Segundo a BBC News, o partido da oposição no Zimbabwe, o MDC, ganhou as eleições legislativas, tendo conseguido 99 lugares no parlamento contra 97 do ZANU-PF de Mugabe. Mais um forte sinal de que o controlo deste sobre o sistema político zimbabweano enfraqueceu consideravelmente. Mais um sinal de esperança para quem vive com 100.000% de inflação anual (número tão absurdo que tenho dificuldades em acreditar nele), enquanto não são divulgados os resultados das presidenciais - parece seguro, incrivelmente, que Tsvangirai venceu Mugabe, restando saber se terá conseguido os 50% necessários para evitar uma segunda volta (i.e. uma segunda oportunidade para Mugabe falsificar as eleições).
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Quarta-feira, 2 de Abril de 2008

Luz ao fundo do túnel para o Zimbabwe?

À hora a que escrevo, o Zimbabwe parece à beira de uma inesperada mudança, com rumores de que a saída de Robert Mugabe do poder estará a ser secretamente negociada.
A parada parece ter sido demasiado alta para este alucinado e demente ditador. A realização simultânea de eleições presidenciais, legislativas e locais poderá foi um desafio logístico demasiado grande para a manipulação em massa habitual em eleições prévias e que garantiam a sua segura vitória ou a do seu partido ZANU-PF.
Esta é uma leitura possível. Outra é que a votação de Mugabe e, mais importante, a sua aura de inexpugnável, foi erodida pela emergência de Simba Makoni, candidato dissidente do próprio ZANU-PF. Com estes dados, a margem de vitória do candidato da oposição, Morgan Tsvangirai (pronuncia-se "Tchangirai", ao que parece), terá sido demasiado grande, tão grande que os esbirros de Mugabe não terão conseguido, em tempo útil, inverter o resultado.
Isso explica o atraso na divulgação dos resultados, mesmo que parciais, de uma eleição que decorreu no sábado: Mugabe estaria a tentar um último forcing manipulador para pelo menos impedir que Tsvangirai alcance os 50%  e assim conseguir que se realize uma segunda volta.
Neste momento, nada mais há senão dúvidas e incertezas. Para mim - como provavelmente para muitos zimbabweanos - parece ainda impossível que o ditador que supostamente dominava o país com punho de ferro possa ter conhecido a derrota no campo de batalha e com armas escolhidas pelo próprio e em que ele é especialista. Vai assim reinando uma calma tensa - que por ora Tsvangirai avisadamente fomenta - enquanto se espera que no horizonte se possa desenhar uma saída que não leve a banhos de sangue...
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Segunda-feira, 31 de Março de 2008

Mail por mim enviado ao PCP em relação à questão do Tibete

Assunto: Carta de repúdio de um militante à posição do PCP na questão do Tibete


Camaradas,

No final da semana passada, foi votado na Assembleia da República um voto de protesto contra a recente irrupção de violência no Tibete, ao qual o PC foi o único partido a opor-se. Escrevo-vos para vos manifestar a minha veemente discordância e o meu repúdio face à vossa posição.
Independentemente de justificações, espúrias ou não, independentemente de alegados ataques à realização dos Jogos Olímpicos, de teorias da conspiração, de campanhas de desinformação (as quais, camaradas, podem ser alegadas pelos dois campos), o que está em causa é a coragem de assumir a defesa de uma posição mesmo que incómoda, mesmo que contrária a afinidades de outra índole. O que está em causa é não se refugiar em teorias da conspiração para não ter de se assumir algo incómodo: que possíveis afinidades ideológicas ou amizades políticas não podem sobrepor-se, nunca, aos mais básicos e absolutos dos direitos - os Direitos Humanos.
São estes os Direitos que devem valer, e estes, quaisquer que sejam os olhos com que se vejam (desde que se queira ver), foram - e são continuadamente desde a ocupação chinesa há mais de 50 anos - barbaramente violados no Tibete.
Do meu ponto de vista, camaradas, perderam toda a legitimidade moral para protestar e opor-se a tantos casos de ilegais invasões de países terceiros, grosseiras violações do Direito Internacional e violações dos Direitos Humanos por esse mundo fora. A questão do Tibete é-me demasiado clara para poder deixar passar em branco mais esta vossa agressão (não, não é a primeira...) àquilo em que mais profundamente acredito.

Camaradas, perderam com este acto o meu afecto e a minha militância. O meu cartão de militante do PCP, nº 36402, que com orgulho ostentava na minha carteira, foi colocado na gaveta. A minha militância também.
Hei-de continuar a chamar-me, a considerar-me, comunista, pois isso tem a ver com aquilo em que se acredita, e não com a pertença a um grupo ou partido. Hei-de ser para sempre comunista. Não posso, neste momento, continuar a ser e a considerar-me membro do PC.

          Cumprimentos,
      
                António Rufino

PS - Esta carta será também colocada no meu blog, altermundo.blogs.sapo.pt, como parte da minha manifestação de repúdio.
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Quarta-feira, 12 de Março de 2008

Lição de democracia (mais uma), versão Espanha

O PSOE, como já era esperado, venceu as eleições legislativas em Espanha, com o resultado e margens de vitória mais ou menos antecipadas pela maioria das sondagens divulgadas. Nada de novo ou sequer inesperado aqui a acrescentar ao que anteriormente escrevi sobre a política à espanhola.
O que me chamou mais a atenção nestas eleições, para além de todos os considerandos sobre resultados, vencedores e vencidos, possíveis acordos de governação, etc., foi, tal como já numa anterior ocasião, o nível de participação dos eleitores. 75% dos espanhóis votou. Menos de 25% de abstenção! Comparem com o nível de participação das mais recentes eleições em Portugal, mesmo as mais importantes...
A política espanhola pode ter muitos defeitos, mas os espanhóis sabem o que politicamente querem, e fazem algo por isso - algo tão simples como deslocar-se a uma escola ou outro edifício público a um domingo, fazer uma cruz num quadrado de papel e metê-lo numa caixa fechada. Algo tão simples mas que os portugueses teimam em achar demasiado complicado, demasiado cansativo.
Cada vez que ocorre uma destas eleições a que em Portugal se dá por algum motivo particular atenção (por ser mesmo aqui ao lado, no caso presente) e surgem estes devastadores - na nossa lusa perspectiva - dados de participação eleitoral, recordo e dou cada vez mais razão a certos e saudosos armadilhadores (agora emigrados para outras e distintas paragens): talvez a democracia como sistema político, plena de vícios como já está, não seja o que era, mas o que está em crise, e em crise grave, é a democracia portuguesa.
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Quinta-feira, 6 de Março de 2008

A hilariante política espanhola

Na segunda-feira decorreu o segundo e derradeiro debate entre Rodríguez Zapatero e Mariano Rajoy, candidatos do PSOE e do PP a chefe de governo espanhol nas eleições legislativas do próximo domingo. Acompanhei-o com muita curiosidade, a fim de tentar compreender as idiossincrasias que tornam a política espanhola tão sui generis. Não fiquei muito esclarecido quanto a isso, mas foi interessante perceber como é possível acompanhar um debate eleitoral de sorriso nos lábios - algo totalmente impossível em Portugal. Não pelo brilhantismo retórico ou pelo carisma dos candidatos, mas antes pelo tipo de argumentos que utilizam para se atacarem um ao outro, o que de resto fizeram durante 90% do tempo, em vez de tentar explicar as suas propostas aos eleitores que estariam a assistir ao debate. Desde rodas de bicicleta (Zapatero acusou Rajoy de permitir a legalização de imigrantes ilegais com base no recibo de uma roda de bicicleta) a tabuletas no exterior de lojas (Rajoy acusou Zapatero de fazer com que um comerciante - catalão, claro - seja multado por ter a tabuleta da sua loja em espanhol), tudo serve de armas de arremesso, e todo o passado é rebuscado até ao mais ínfimo detalhe (boa parte do tempo foi passado a discutir se a primeira pergunta de Rajoy no parlamento espanhol em 2004 tinha ou não tido a ver com economia).
Neste aspecto, em Portugal os debates já estão muito à frente da realidade espanhola: a era dos gráficos falaciosos de cores garridas brandidos por candidatos e das batatas em cima da mesa de debate já passou (não que a falácia e a demagogia tenham deixado de ser utilizados, mas agora são apenas verbais, tornaram-se mais requintadas). Talvez isso suceda porque em Espanha a crispação política é tão grande que este foi apenas o primeiro debate televisivo em 12 anos, algo de todo impensável deste lado da fronteira.
Mas de fazer rir mesmo é ouvir os comentadores pós-debate pegar nos mesmíssimos factos e interpretá-los de forma totalmente oposta (e este debate correu sem dúvida alguma melhor a Zapatero) consoante a sua convicção política: para uns uma frase em concreto de Zapatero pode ter sido assertiva, para outros ele foi muito mal educado; um argumento de Rajoy pode ter-se limitado a criticar o oponente sem tentar explicar as suas propostas, ou pode ter sido simplesmente brilhante a explorar os pontos fracos do adversário.
Isto não é no entanto nada de novo em Espanha, pois é exactamente o que fazem nos media  o "El Pais" e o "El Mundo", que todos os dias pintam as mesmas notícias de cores tão diferentes que muitos espanhóis compram diariamente ambos os jornais (tanto um como outro de excelente qualidade, é preciso dizer) para conseguirem ter uma visão razoavelmente imparcial - embora definitivamente esquizofrénica.


PS - A crispação política em Espanha dava sinais de ter abrandado no princípio deste século, mas recrudesceu enormemente entretanto, fruto do apoio à guerra do Iraque e às mentiras do 11 de Março, por um lado; e à legalização do casamento e adopção por homossexuais, ao fim da obrigatoriedade da disciplina de Religião nas escolas e outras políticas sociais, por outro. Para compreender as razões de tão inultrapassável abismo, nada melhor que o aritgo de Pedro Magalhães no Público de segunda-feira. Excertos:

"À partida, pareceria que poucos países poderiam apresentar condições tão desfavoráveis para uma transição pacífica, com elites políticas que se encontravam profunda e historicamente divididas em redor de temas tão centrais como o modelo económico e social, as relações entre o Estado e a Igreja, a inserção geoestratégica do país, a forma de estado ou a forma de governo. Mas, na verdade, as "duas Espanhas travadas em luta incessante", como escreveu Ortega y Gasset, acabaram surpreendentemente por encontrar a paz num processo mil vezes estudado de negociação e conciliação de interesses, à sombra da memória recente de uma das guerras mais selváticas da história da civilização ocidental.
(...) Por estes dias, contudo, Espanha desperta o interesse dos especialistas por razões bastante distintas. Uma das coisas que durante algum tempo se julgou saber sobre o comportamento eleitoral é que a modernização tenderia a enfraquecer a ancoragem social do eleitorado. (...) No máximo, poderiam contar apenas com bases formadas por indivíduos com atitudes e valores semelhantes, mas sem laços sociais claros entre si e, de resto, com opiniões heterogéneas sobre a multiplicidade de temas em jogo numa eleição. E, neste cenário, as escolhas eleitorais reorientar-se-iam cada vez mais para critérios de desempenho e eficiência.
Mas, nos últimos anos, Espanha vem fornecendo uma excelente ilustração de como essas alegadas tendências são tudo menos inexoráveis (...) a classe social a que os eleitores pertencem vem crescendo de importância na explicação do comportamento de voto dos espanhóis, sendo igualmente visível, desde 2000, um aumento de importância da religiosidade como factor explicativo do voto. Um dos reflexos desta crescente ancoragem social do voto é visível quer nos últimos resultados eleitorais, quer nas sondagens para as eleições de 9 de Março próximo: (...) os votantes espanhóis em 2004 e 2008 parecem divididos em dois grandes blocos quase completamente estanques.
(...) A criação desta profunda clivagem que hoje parece atravessar Espanha remonta a 2000 e à vitória do PP por maioria absoluta nas eleições desse ano [fruto da] moderação ideológica e aceitação das regras do jogo da democracia espanhola.
(...) Contudo, o PP decidiu interpretar a vitória de 2000 de outra forma, como sintoma de um realinhamento eleitoral dos espanhóis à direita. O que se viu de seguida foi que a sua moderação, afinal, tinha sido meramente táctica, fruto da circunstância de não dispor de uma maioria absoluta. Entre 2000 e 2004, assistiu-se a um mandato de confrontação total com os sindicatos, com os nacionalismos, com a oposição parlamentar e, no tema do Iraque, com toda a sociedade espanhola.
(...) E como a derrota do PP em 2004 não foi digerida pelo partido como legítima ou até legal, não se tirou dela quaisquer ilações que não fossem a de um reforço da estratégia de confrontação. Nem o PSOE, desde então, tem abdicado de alimentar estas clivagens quando pressente que, mesmo que dividindo a Espanha em duas, pode ficar com a maior parte.
(...) O consenso não é em si mesmo uma virtude, algo que os abundantes (e em grande medida falsos) consensos na política portuguesa e a inacção que deles resultam demonstram amplamente. Mas a ausência de quaisquer bases para um consenso entre os dois maiores partidos espanhóis em temas tão centrais como a defesa e a política externa, a luta contra o terrorismo, os poderes e as competências das comunidades autónomas ou a justiça só pode ser vista como perturbante."
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Clinton vs Obama: baralhar e voltar a dar

Quem acompanha este blog regularmente já deve saber que as primárias americanas são a minha obsessão do momento. Infelizmente ainda não tinha conseguido postar os meus comentários à "mini-super-terça-feira" de há 2 dias.
Por força da batalha sem fim entre Obama e Clinton pela nomeação para as presidenciais de Novembro, os dois maiores estados que votaram na terça-feira (e dois dos maiores em todos os Estados Unidos), Texas e Ohio, eram considerados decisivos para as aspirações de ambos os democratas - do lado republicano, eram vistos apenas como a confirmação aritmética da nomeação de John McCain, o que aliás veio a suceder.
Na segunda-feira tinha já cogitado com os meus botões o que sucederia caso um ou outro ganhassem esses decisivos estados. Concluí que se Obama ganhasse ambos, aumentaria a sua ligeira vantagem mas criaria uma dinâmica e uma aura de vitória tais que Hillary Clinton deixaria de ter hipóteses de nomeação, por muito que ainda viesse a tentar. Se Obama vencesse no Texas e Clinton no Ohio (cenário plausível tendo em vista as sondagens divulgadas), manter-se-ia o status quo de ligeiro favoritismo de Obama. Se Clinton ganhasse ambos os estados, e como era duvidoso que as margens de vitória fossem amplas, apenas iria encurtar um pouco a desvantagem numérica em delegados à convenção democrata de Agosto, mas quebraria a aura de vitória de Obama e voltaria a gritar "Presente".
Tendo este último caso sido o que acabou por acontecer, Hillary Clinton inverte assim em parte a inclinação da dinâmica de favoritismo. Não que ela tenha tornado a ser a favorita, pois Obama mantém quase intacta a vantagem em número de delegados (Clinton ganhou Ohio e Texas, mas ambos por margens razoavelmente curtas, o que pela regra de proporcionalidade na atribuição dos delegados apenas lhe permitiu subir um par de furos face a Obama), mas é um "baralhar e voltar a dar" as cartas políticas, reforçando ainda mais a indecisão que paira sobre os democratas.
É já matematicamente impossível a qualquer dos dois assegurar a nomeação apenas por via das eleições primárias, pelo que tudo será decidido pela capacidade de atracção dos super-delegados (uma espécie de inerências como sucede - ou sucedia - nos partidos aqui do nosso rectângulo, mas à americana). Isto significa que até à lavagem dos cestos na convenção democrata - embora pela recente contundência verbal da campanha seja mais correcto vaticinar uma lavagem de roupa suja - haverá vindima.
Em última análise, este impasse beneficia...  John McCain, que com a nomeação já assegurada se pode concentrar em angariar fundos para Novembro enquanto os seus rivais continuam a gastá-los para se tentarem vencer um ao outro, e ir distribuindo a sua artilharia por Obama ou Clinton, conforme tacticamente mais lhe aprouver. Aliás, nem o próprio tenta guardar segredo que todos os republicanos preferem enfrentar Hillary Clinton, odiada por metade do país e tão fraccionadora deste como George Bush o foi, ou seja, mais potenciadora de galvanizar e mobilizar os eleitores republicanos.
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Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008

O inanismo português em relação ao reconhecimento da independência do Kosovo

Até à data, 12 países da União Europeia já reconheceram formalmente a independência do Kosovo, incluindo os "quatro grandes",  França, Reino Unido, Alemanha e Itália.
Apenas 4 se recusam a reconhecê-la: Chipre, Roménia, Eslováquia e Espanha, todos por motivos óbvios ou claramente enunciados.
Dos restantes países, todos se encontram num de dois grupos: os que já desencadearam os processos de reconhecimento e os que ainda não o fizeram por terem dúvidas em relação a vários pontos, também aqui sempre claramente enunciados.
Todos os países têm portanto uma posição clara em relação ao reconhecimento do Kosovo; todos, à excepção de um: Portugal. O nosso Governo é o único sem uma posição clara pró ou contra a independência, sem que faça saber quando (ou se) irá efectivar o reconhecimento do Kosovo e quais os motivos para o timing (ou para a ausência dele) da decisão.
Isto deixa-me perplexo, porque não há nenhum motivo óbvio para Portugal ter dúvidas em relação ao reconhecimento. Neste tipo de situações, normalmente os nossos Governos optam por não fazer ondas e seguir a maioria, o que faria com que já tivéssemos se não formalmente reconhecido, pelo menos desencadeado o processo ou anunciado quando o iríamos fazer. Ora isso não aconteceu, tal como não aconteceu o inverso - o anúncio do não reconhecimento para já, o que seria aliás incompreensível. No entanto, mais incompreensível ainda é a não-posição portuguesa, o inanismo total, pois não vislumbro qualquer razão válida.
Os únicos argumentos que me ocorreram foram a vizinhança com Espanha e as nossas tropas no Kosovo. Será que o Governo não quer "ofender" o nosso grande hermano? Estará à espera das eleições espanholas, para não prejudicar a renhida disputa de Zapatero? Se for o caso, é de uma subserviência absolutamente indigente - mas da lusa política isto não seria de admirar. Ou será que o Governo tem medo de alguma represália contra os militares portugueses ainda no Kosovo? Isto não faz quanto a mim sentido: os grandes países de UE têm muito mais militares que nós e com uma presença muito mais visível, e nem por isso hesitaram no reconhecimento.
Seja como for, dá-se uma curiosa coincidência de datas: o último contigente português deixará o Kosovo a 7 de Março, sexta-feira; a 9, são as eleições legislativas em Espanha. Se estes meus argumentos (que não subscrevo, muito pelo contrário) fizerem algum sentido, prevejo que a 10 de Março seremos o 13º país da UE a reconhecer o Kosovo...
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A farsa russa de Putin - segunda série estreia domingo

A Rússia está prestes a mudar de dono, embora só formalmente. Vladimir Putin, impedido constitucionalmente de se candidatar a um terceiro mandato como presidente - e sem vontade de alterar a constituição, embora tal estivesse perfeitamente dentro do seu omnipotente poder, para manter uma mínima aparência democrática - desencadeou há meses uma complicada e tortuosa farsa em que endossou o seu apoio - traduzindo, "fez presidente" - a Dmitri Medvedev, figura suficientemente fraca e não conotada com nenhuma das facções da clique de Putin para evitar lutas fratricidas dentro do regime.
Assim, e como na democrática Rússia não são necessárias sondagens para saber quem vence eleições, já no domingo a era Putin aparentemente chegará ao fim. E esta aparência nem sequer é particularmente credível, pois Medvedev afirmou desde logo que pretende nomear Putin como seu primeiro-ministro.
Tudo na mesma a Oriente, pois. A pseudo-democracia russa tornar-se-á gradualmente ainda mais pseudo-. A retórica belicista será a mesma, transmitindo aos russos a ideia de que o seu país está de regresso aos gloriosos dias de potência mundial (nada importa que isso não seja - ainda - verdade) como forma de os fazer esquecer e aceitar (e os russos esquecem e aceitam assim de bom grado, com uma preciosa ajuda dos alpinos preços do petróleo) a realidade interna de brutalidade ditatorial.
Assim seguirá a Rússia, e muito pouco de bom daqui poderá sair...
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Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2008

E vão 10 seguidas para Obama

Na última mini-terça-feira de primárias americanas, Barack Obama conseguiu mais duas vitórias - uma esperada, no Hawai onde cresceu, outra mais importante e algo surpreendente, no populoso Wisconsin. Em todas as eleições pós-super-terça-feira, Obama foi o vencedor, estendendo a sua senda vitoriosa à dezena de estados, conseguindo o tão propalado momentum, o embalo que o pode levar a deixar definitivamente para trás Hillary Clinton. Cruciais serão agora os estados do Ohio e Texas, ambos com muitos delegados. Os analistas americanos consideram que Hillary deverá ter de ganhar convincentemente em ambos, para anular a vantagem que Obama já leva em número de delegados.
Aqui no Altermundo, este vosso chefe gaulês não esconde a preferência por Obama - em consonância, aliás, com uma certa eleição primária aqui desenrolada. A sua retórica é entusiasmante, a sua sede de mudança, a sua ligação às pessoas parecem genuínas, e o simbolismo da sua eleição seria enorme - não que a de Hillary não o fosse também, mas para mim, mais do que um candidato afro-americano, trata-se do simbolismo de eleger um verdadeiro "cidadão do mundo", com laços em várias partes do mundo e que por isso mais facilmente compreenderá a complexidade, as diferenças culturais dessas partes do mundo.
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Abraracourcix o chefe falou sobre: ,
um discurso de Abraracourcix às 10:15
link do discurso | comentar - que alegre boa ideia!
Sexta-feira, 15 de Fevereiro de 2008

Discurso de Abraracourcix a propósito do pedido de perdão aos aborígenes

Gauleses, gaulesas,

Sabiam vocês que a cultura aborígene, na Austrália, era pré-neolítica, desconhecendo a agricultura até à chegada dos Europeus?
Sabiam que com esse argumento só em 1967 os aborígenes foram reconhecidos como cidadãos da Austrália, uma vez que até aí não eram sequer vistos como humanos, antes como uma sub-espécie, atrasada e condenada à inexorável extinção?
Sabiam vocês, gauleses e gaulesas, o que é a stolen generation? A "geração roubada", que na realidade são muitas gerações roubadas, centenas de milhar de crianças, gerações inteiras de crianças que foram retiradas à força aos pais e criadas por famílias de acolhimento - brancas e mais propensas a abusarem das crianças do que a educarem-nas - ou, na maior parte dos casos, por lares de acolhimento? Conseguem alcançar a repulsiva enormidade do que isso é?
Sabiam vocês, os poucos mas cultos e excelsos gauleses que ocasionalmente visitam esta aldeia blogosférica, desta realidade ainda mais abjecta que o pior dos apartheids?

Vem este discurso do vosso chefe gaulês preferido a propósito do gesto simbólico do novo primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, que ontem proferiu publicamente desculpa ao povo aborígene por todo o mal causado pelos brancos. Reconhecendo o carácter pluri-racial da Austrália, prometeu ainda desenvolver esforços para que de futuro a população branca e os aborígenes possam viver em harmonia, para que os aborígenes possam preservar a própria cultura, para que não sejam relegados para ghettos e possam viver com os mesmos direitos nas cidades australianas, entre os seus compatriotas anglo-saxónicos ou imigrantes de diversas origens. Não sei se foram estas as palavras ou se Rudd sequer referiu estes pontos, mas era este o espírito do seu discurso.
Sendo apenas simbólico, não deixa de ser um gesto enorme, esperança de boa vontade e integração futura, e merecedor de todos os aplausos!
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Abraracourcix o chefe falou sobre: ,
um discurso de Abraracourcix às 14:08
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Os melhores javalis


O chefe viu:
   "Nightwatchers", Peter Greenaway

  

 

   "The Happening", M. Night Shyamalan

  

 

   "Blade Runner" (final cut), Ridley Scott

  


O chefe está a ler:
   "Entre os Dois Palácios", Naguib Mahfouz

O chefe tem ouvido:
   Clap Your Hands Say Yeah, Some Loud Thunder

   Radiohead, In Rainbows
 

por toutatis! que o céu não nos caia em cima da cabeça...

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